Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental
A foto acima foi postada nas redes sociais por João Alfredo Telles Melo, vereador em Fortaleza, com o comentário: “Começando meu depoimento na Polícia Civil no inquérito em que sou acusado, pela delegada que apura o homicídio de Gaia Molinari, de crime contra a honra, por ter defendido, como Presidente da Comissão dos Direitos Humanos, a farmacêutica Mirian França”.
Para quem não lembra, Gaia Molinari, jovem turista italiana, foi morta na virada de ano 2014/2015, em Jericoacoara, Ceará. Dias depois, a polícia civil estadual prendeu outra turista – Mirian França, do Rio de Janeiro, com quem ela havia dividido a hospedagem nessa praia. Prisão rápida e certeira, já que a delegada responsável pelo caso tinha todas as certezas da culpa da “carioca”, segundo afirmava em entrevistas. É mesmo?
Eram tantas as certezas, que ela manteve Mirian em Fortaleza, impedindo-a de voltar para casa e submetendo-a a interrogatórios, um deles de mais de 12 horas. Tantas, que foi necessário que a Defensoria Pública local saísse em defesa da “criminosa”, assim como ativistas, entidades e outras organizações do Ceará e de outros estados, para que ela pudesse voltar para casa. Tantas… Na verdade, o tamanho das certezas pode ser medido de forma bem mais objetiva: tantas, que até hoje, sete meses depois, não houve acusação e a questão continua a ser investigada.
Minto! Houve sim uma acusação, investigada no Inquérito Policial 26-0006/2015, para quem desejar acompanhar. João Alfredo, o então Presidente da Comissão de Direitos Humanos (hoje vice-presidente), foi formalmente acusado de tumultuar o tal interrogatório e de ofender a delegada em questão, ao afirmar que estendê-lo por 12 horas era “tortura psicológica”.
Como foi escrito e divulgado na internet por seus muitos apoiadores, “Na verdade, ao tentar criminalizar o vereador, o que se intenta, de fato, é intimidar a atuação dos militantes de Direitos Humanos que, como o vereador João Alfredo, denunciaram o racismo e outras violações de Direitos Humanos de que foi vítima a jovem farmacêutica Mirian França. Enquanto isso, o homicídio que vitimou Gaia Molinari continua impune”.
O depoimento de João Alfredo foi ontem, e depois ele divulgou a nota baixo. A ele, todo o apoio deste blog! E que seja feita Justiça para Gaia Molinari e para Mirian França.
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“Quero externar aqui, sensibilizado, minha profunda gratidão a todxs que comigo se solidarizaram por conta do inquérito que foi aberto contra mim a pedido da Delegada Patricia Bezerra, responsável pela apuração do homicídio de Gaia Molinari no Natal passado em Jericoacoara.
Um agradecimento especial axs compas que, como advogadxs, companheirxs do PSOL e/ou militantes de Direitos Humanos, me acompanharam hoje de manhã à polícia.
Foi muito importante essa presença solidária, pois, sinalizou à polícia que eu não estou só, pois, para mim – creio que para todxs nós – esse inquérito é claramente uma tentativa de intimidação, não só a mim, mas, axs que militam em defesa dos Direitos Humanos e contra o racismo e qualquer forma de preconceito, discriminação e intolerância.
Na verdade, o inquérito procura se fundamentar em dois supostos crimes: a interrupção a um interrogatório que acabou se prolongando por cerca de 12 a 13 horas e supostas acusações no facebook contra a delegada do inquérito. Quanto a isso, não foi apresentada a mim nenhuma prova. No mais, reafirmei todas as críticas já veiculadas acerca de todas as violações de que Mirian França tem sido vítima desde sua prisão no final do ano passado.
Os desdobramentos: o inquérito pode ser trancado, arquivado ou encaminhado à Justiça. Por isso, temos que ficar atentos!
Mas, o mais importante é que continuemos cobrando a apuração do homicídio de Gaia, que continua impune há mais de 7 meses e justiça e reparação à Mirian por tudo que vem sofrendo ao longo deste tempo.
Contra o racismo e qualquer forma de preconceito e discriminação!
Em defesa dos Direitos Humanos!
João Alfredo”.