Por Sayonara, Radioagência Nacional
Investigar as causas e consequências da violência contra a juventude negra no Brasil: esse foi o principal objetivo da CPI do Jovem Negro, na Câmara dos Deputados, que concluiu em um relatório que o racismo institucional é o principal causador do genocídio desses adolescentes no país.
A criação de um Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens Negros e a destinação de dinheiro de impostos para políticas públicas foram as principais propostas que podem mudar o quadro da violência contra esses jovens.
Para o professor da União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro), Douglas Belchior, o relatório reconhece o racismo no Brasil e a dívida histórica com os negros, desde o descobrimento do Brasil até os dias atuais. Mas ele ressalta que as conclusões e propostas devem servir para mudar, na prática, essa realidade.
O documento não agradou a todos os parlamentares. Todas as expressões que fazem referência à identidade de gênero e à orientação sexual foram excluídas do texto final. A integrante da ONG Criola, Jurema Werneck, acredita que o conservadorismo de alguns parlamentares provocou a retirada desses termos.
O Professor do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília, Nelson Inocêncio, concorda com as entidades e também acha que a opinião dos deputados é conservadora.
De acordo com o Mapa da Violência de 2015, da Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República, as taxas de homicídios de pessoas brancas caíram quase 20% no Brasil. Já as de homicídios de negros aumentaram 14% por cento.
O professor Nelson Inocêncio contou que a análise sobre a eficácia de políticas públicas de combate ao racismo foi vista de forma positiva. As novas propostas do documento devem ser colocadas em prática, segundo Inocêncio, para reduzir as mortes de jovens negros no Brasil.
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Imagem: Violência contra juventude pobre e negra é histórica e institucionalizada, afirma relatório de CPI (CELSO PUPO/FOLHAPRESS)