Rappers indígenas de MS lançam clipe de música em guarani criticando a atualidade e as mídias

Imagens foram gravadas em aldeias indígenas de Dourados (MS). Videoclipe do grupo foi produzido em alta definição e estilo ‘vintage’.

Do G1 MS

Um índio interrompe uma dança típica e foge com o rádio que tocava a música. Em seguida, ele coloca um CD de rap, o som contagia outros dois colegas e eles cantam em uma carroça pela aldeia. Essas são as primeiras cenas do novo clipe do Brô MC’s intitulado ‘Koangagua’, que significa “Nos dias de hoje”, lançado nesta semana [veja abaixo].

De acordo com o produtor do grupo, Higor Lobo, a produção foi feita em pouco mais de uma semana durante a segunda visita do fotógrafo suíço Yan Groos, que coordenou um workshop de fotografia e filmagem oferecido gratuitamente aos indígenas em 2014.

O clipe foi gravado nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, a 214 quilômetros de Campo Grande.

O terceiro clipe do grupo de rap guarani com imagem em alta definição e em estilo ‘vintage’ foi produzido pela TV Guateka, um canal na internet criado para divulgar a cultura indígena, com o apoio do suíço e da Central Única das Favelas (Cufa) de Mato Grosso do Sul.

“Nós recebemos muitas críticas positivas e foram mais de dez pessoas envolvidas para fazer tudo”, disse Lobo. A qualidade na produção é uma das novidades, mas a letra que ressalta os valores indígenas e o dia a dia na tribo foi mantida, segundo ele.

Em alguns momentos, o rap relembra outros tempos vividos pelos indígenas ao dizer que “antigamente era muito mais feliz”. Em outros, faz críticas, como quando diz que “no jornal fala várias coisas, a TV mostra várias coisas, a verdade existe só que eles escondem”.

De acordo com o produtor, o segundo álbum musical do grupo já está sendo produzido e será lançado em breve.

Grupo

O Brô MC’s é formado pelos jovens indígenas Bruno Veron, Clemerson Batista, Kelvin Peixoto e Charlie Peixoto, das aldeias Jaguapiru e Bororó. O grupo foi criado em 2009 com o objetivo de valorizar a cultura indígena. As músicas são cantadas no idioma nativo e em português.

Comments (11)

  1. Não acredito que possa acrescentar muita coisa na cultura indígena esse tipo de intrusão do movimento Hip Hop. Apenas vi índios tirando dos próprios pares, a cultura nativa, para introduzir esse novo formato. Porém é interessante ouvir em Guarani, (apenas). Esse movimento é tão intenso que muito em breve engolirá qualquer vestígio da cultura indígena tão devastada pela “civilidade”.

  2. El rap puede ser visto como una “deformación” del concepto clásico de música. Pero me gusta esa iniciativa, que defiende derechos indígenas

  3. Parabéns pelo trabalho, muito emocionante. Vcs mandam bem demais!! Obrigada por trazer à nós a realidade de vcs parentes. Viva a resistência!!! As aldeias de vcs ainda nao foram demarcadas?

  4. Concordo plenamente com o MARGEAN ROUHANI, depois de uma linda letra dessas deixar passar a imagem associativa do crime na criança encapuzada foi um enorme pecado, do resto, show de bola, viva o Brasil real. \o/
    #resistencia

  5. Olá! Quero parabenizá-los pelo trabalho e pela música, gostei muito! E como professora, vou usar este vídeo como complemento de material sobre a cultura indígena e o coração indigenista, povos originários desta terra! Só achei feio e nada a ver com a alma indígena, a criança com capuz cobrindo o rosto, segurando uma arma de brinquedo, isso é “coisa de branco” que não sabe conviver em harmonia com a natureza e as pessoas. Do resto achei ótimo! Força na luta! Estamos juntos!

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