Há seis anos famílias acampadas pedem a destinação da área para fins de Reforma Agrária.
Por Rafael Soriano, da Página do MST
Na última quarta-feira (15), as 90 famílias Sem Terra do acampamento Patativa do Assaré, a cerca de 2 km do centro de Maragogi (Litoral Norte de Alagoas), obtiveram a decisão de suspensão por 90 dias do despejo que estava programado.
A articulação envolveu órgãos estaduais e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A fazenda Boa Vista, hoje acampamento Patativa do Assaré, foi ocupada pela primeira vez em 2009.
Desde então já foram realizados dois despejos, mas, sem alternativa, as famílias retornaram para a área há quatro anos, onde cultivam banana, inhame, macaxeira, hortaliças, verduras e mantém uma casa de farinha.
“Nossa casa de farinha produz de 20 a 30 sacas por semana, o que garante uma boa participação nas feiras locais e na Feira da Reforma Agrária em Maceió”, diz José Renildo, um dos acampados.
“Os poderes institucionais querem tirar daqui as famílias e a produção para construírem condomínios de luxo, hotéis e outros empreendimentos idealizados pelo lobby do turismo em Maragogi”, alerta.
Os Sem Terra alertam ainda para as condições de degradação ambiental oriundas da fazenda, uma área considerada improdutiva quando fora ocupada.
Na área existem fossas impróprias, um lixão e um matadouro que influem diretamente na poluição de três rios que cruzam a fazenda.
A fazenda de cerca de 800 hectares é reivindicada na justiça pelos filhos do antigo proprietário e por um suposto arrendatário, conhecido como “Zé Gomes”.
O Movimento tem realizado uma série de mobilizações para denunciar a paralisia pela qual passa a política de Reforma Agrária, considerada uma das principais causa de conflitos no campo.
A mais recente mobilização ocorreu em Maceió, no início do mês de julho, incluindo na pauta a desapropriação da fazenda de Maragogi e criação de um assentamento no local.
—
Imagem: Reprodução da Página do MST.