Câmara lança frente parlamentar Brasil-África

Comissão terá Participação Popular para enfrentamento ao Racismo

SEPPIR

A Câmara dos Deputados lançou ontem (14) uma frente parlamentar Brasil-África para fazer enfrentamento ao racismo. Segundo a presidente do grupo, a deputada Benedita da Silva (RJ), a frente inova por contar com participação popular nas ações.

A frente tem a participação de 195 deputados e três senadores. Durante a cerimônia, Benedita destacou o envolvimento de outros militantes, como o ex deputado José Alberto (BA), que já havia organizado uma frente parlamentar semelhante.

“É muito importante lutarmos nessa temática para combater o racismo no Brasil. Nosso objetivo é assegurar a implementação de políticas de igualdade racial em todas as esferas”, disse a deputada.

Para o secretário de políticas de ações afirmativas da Seppir, Ronaldo Barros, a frente é mais um dos instrumentos de avanço no combate ao racismo.

“O Brasil foi o país que mais avançou no mundo nos últimos 12 anos em relação a políticas de igualdade racial. O racismo existe sim e ele mata. Esta frente tem muito a colaborar por um Estado onde o racismo não prospere”.

Ronaldo destacou ainda que o lançamento coincide com a década dos afrodescendentes declarada pela ONU (2015-2024), demonstrando que a temática não é apenas vista como algo importante no Brasil. “É uma questão de educação reconhecer o racismo em várias instancias no país. Uma pátria educadora não pode conviver com o racismo”.

Orgulho

A deputada Erika Kokay (DF) afirmou que os negros devem ter orgulho de sua cor, que ser negro não deve ser motivo de sofrimento. “Não podemos negar a nossa cor. Nós carregamos a negritude em nossas veias. Negar isso é negar o Brasil”.

José Alberto comentou sobre o ressurgimento de casos de racismo no país. “Nós sabíamos que quando os negros começassem a ocupar o seu devido espaço na sociedade haveria uma contrarreação dos setores racistas e é exatamente isso que ocorreu”.

A senadora Regina Souza (PI) disse que a frente tem ousadia para propor um tema que muitos preferem ignorar. Na visão dela, o grupo deve se articular para pautar temas de interesse do movimento negro, como a diminuição da violência aos jovens negros e a não redução da maioridade penal.

Além dos parlamentares, estiveram presentes no lançamento embaixadores africanos e estudantes e militantes do movimento negro. O grupo Batala, composto apenas por mulheres, fez uma apresentação musical com tambores no início da cerimônia.

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