J.Rosha – Cimi Regional Norte I
Três mulheres e crianças Mura foram vítimas de uma desastrosa ação policial na Terra Indígena Murutinga/Tracajá, no município de Autazes (AM), distante da capital cerca de 113 quilômetros. O fato aconteceu no dia 28 de junho passado, por volta das 17 horas.
A ação da polícia foi motivada por intervenção de moradores da localidade de Novo Céu, vila localizada a cerca de 20 quilômetros da sede do município de Autazes. O local fica dentro da Terra Indígena Murutinga/Tracajá, disputada por pecuaristas e posseiros. Um dos moradores acionou a polícia porque um indígena do povo Mura estava construindo uma casa em área supostamente pertencente a Cooperativa de Produtores de Leite de Autaz Mirim (Cooplam).
Natalina Pinheiro da Conceição, grávida de dois meses, sua irmã Natália Pinheiro da Conceição e Nelcir Gomes Moura foram espancadas e presas por várias horas. Nelcir, que tem uma filha ainda bebê, foi impedida por uma policial de nome Renata de amamentar a criança.
“Um policial de nome João me deu tapas, chutes, bateu em minhas costas com o joelho e me arrastou para um carro particular onde me deixaram e foram buscar as outras duas”, relatou Nelcir Gomes. Além das mulheres, quatro crianças, dois idosos e outras pessoas teriam sofrido agressão.
Nelcir disse ainda que a policial Renata teria ameaçado de morte seu esposo, conhecido como Luciclaudio Duarte, conhecido como Cacá. “Você vai ficar viúva cedo. Quero pegar o Cacá na penitenciária de Autazes”, disse Renata a Nelcir.
No tumulto provocado pela ação da polícia, os moradores apreenderam um revólver e devolveram posteriormente ao comandante da polícia local na presença de servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai).
“O tiro disparado pelo policial passou entre as pernas de uma moradora e por pouco não atingiu uma criança“, relata Nelcir Gomes Moura. Os fatos acontecidos em Murutinga foram levados também ao conhecimento da Corregedoria da Polícia Militar em Manaus.
Murutinga é uma terra indígena identificada pela Funai e em processo de demarcação. Ali vivem cerca de três mil indígenas Mura. A terra é cercada por fazendas cujos proprietários, com apoio de políticos de Autazes, tentam por várias maneiras inviabilizar a demarcação e regularização territorial.
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Foto: Natalina, grávida de dois meses, Nelcir e Natália denunciam agressão policial na Terra Indígena Murutinga/Tracajá