MP investigará denúncias de racismo e violência sexual na USP Ribeirão

Hino racista, discriminação e estupros foram citados por movimentos sociais. Direção da faculdade de medicina informou que apura denúncias.

Do G1 Ribeirão e Franca

O Ministério Público de Ribeirão Preto (SP) vai investigar as denúncias de racismo, discriminação e violência sexual que envolvem alunos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP). Segundo o promotor Sebastião Sérgio da Silveira, a decisão foi tomada nesta sexta-feira (5) após reunião com representantes de movimentos sociais da cidade.

Em nota, a direção da universidade informou que criou uma comissão com três professores para também apurar os casos e os responsáveis.

As denúncias surgiram após a divulgação pela Atlética Acadêmica Rocha Lima de um hino cuja letra traz expressões como “morena gostosa”, “loirinha bunduda” e “preta imunda”. A autoria do texto seria da bateria do curso de medicina, conhecida como Batesão. Segundo postagens de alunos, o hino foi divulgado este ano em um manual para calouros da medicina, juntamente com camisetas da atlética do curso.

Representantes dos movimentos sociais procuraram o Ministério Público (MP) nesta sexta-feira para entregar uma representação, que relata diversos casos de racismo, assim como de discriminação contra a mulher e contra os homossexuais. O documento cita, ainda, possíveis casos de estupros dentro da universidade.

De acordo com o promotor Sebastião Sérgio da Silveira, o documento já foi protocolado e, na terça-feira (9), será instaurado um inquérito civil para apurar os fatos. “Eu quero dar prioridade para esse inquérito para adiantarmos o andamento antes do recesso do MP e da Universidade. (…) Eu quero ver se ouço os interessados ainda nesse período. Inicialmente, pretendo ouvir o presidente da Atlética e o presidente do Diretório Acadêmico.”

Se as denúncias forem confirmadas, o MP poderá convocar os responsáveis para assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) ou, dependendo das consequências dos casos, ajuizar uma ação civil pública, pedindo indenização por danos morais coletivos.

Faculdade de Medicina
Em nota, a direção da FMRP afirmou que criou uma comissão com três professores para apurar o hino e seus responsáveis. Ainda segundo o texto, uma apuração preliminar teria revelado que a música seria de 25 anos atrás, mas foi mantida no folheto por descuido dos organizadores da Atlética, responsável pelos hinos da bateria.

Anteriormente, a FMRP já havia lamentado o ocorrido e afirmado que o hino não é utilizado pela bateria do curso em eventos oficiais da universidade.

A faculdade ainda informou que não houve registro de estupro durante as festas ocorridas no campus, mas que duas denúncias de violência sexual, ocorridas em uma república estudantil e uma área da USP, estão sendo apuradas pela polícia e pelo judiciário.

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