Comissão Paroquial de Meio Ambiente
A empresa Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) apresentou na Câmara de Vereadores de Caetité, cumprindo uma das condicionantes exigidas pelo IBAMA para a liberação de licenças para a mineração de urânio, o “Estudo Epidemiológico (Mortalidade e Morbidade)” feito pela pesquisadora da Fiocruz Liliane Teixeira e o consultor Tarcísio Cunha. Esse estudo contempla em um raio de 20 km as populações que vivem no entorno da mineradora de urânio (área de influência) com os casos de neoplasias de outros municípios baianos distantes da mina como área de referência (Maragojipe,Botuporã e outros três). A realização deste estudo seria para, além de cumprir a condicionante, tranquilizar as inquietações da população local. O método utilizado foi fundamentado em dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde e IBGE. O estudo analisou os dados do MS dos anos de 1995 a 2010, revelando um acréscimo de neoplasias nas áreas de influência mais elevado que a de referência e média da Bahia.
Outro estudo realizado pela Fiocruz (Justiça Ambiental e Mineração de Urânio em Caetité/Ba: Avaliação Critica da Gestão Ambiental e dos Impactos à Saúde da População, por Marcelo Firpo, Renan Finamore e Bruno Chareyron), uma análise mais detalhada, abrangente e atualizada (2014) das comunidades do entorno da mineradora de urânio, na apresentação dos resultados preliminares mostrou a necessidade de tomadas de ações para ter abrangência nos monitoramentos quanto à saúde dos trabalhadores, população do entorno, ar, descontaminação de solo e democratização da informação, dentre outras demandas apontadas por busca ativa dos pesquisadores envolvidos e movimentos social e comunidades dos municípios impactados por mineração de urânio na Bahia.
Os resultados finais das duas últimas pesquisas possuem uma amostra de dados que só corroboraram e ampliaram ainda mais as urgências nas ações de cuidados para com os efeitos negativos que são gerados em mineração e beneficiamento de urânio. Muitas perguntas ficaram sem respostas, e a população espera que sejam respondidas estas inquietações:
- Por que esta delonga no cumprimento de uma condicionante?
- O resultado do estudo foi entregue à INB em 2011 e só agora ele foi apresentado, com dados (caducos) de 2010?
- Como o Estado brasileiro através do seu órgão subordinado (IBAMA) concede Licença de Operação para uma atividade que tem gerado impactos ecológicos nocivos e irreversíveis ao nosso tempo biológico, se tratando de radioatividade?
- Diante da apresentação dos resultados das pesquisas que apontam um acréscimo de neoplasias na Bahia, quais medidas (em todas as instâncias visto que é temática que deve ter muitos interesses e interessados) serão tomadas para mitigação destes impactos (em especifico em Caetité)?
- Por que é ineficaz o registro para o monitoramento de mortalidade na área de influencia da mina?
- Qual o interesse desta indiferença em se manter ao descaso os afetados por mineração de urânio em Caetité?
- Em Maio deste a CPMA fez uso da tribuna na Câmara de Vereadores de Caetité para repasse do “Relatório Preliminar Justiça Ambiental e Mineração de Urânio em Caetité/Ba: Avaliação Critica da Gestão Ambiental e dos Impactos á Saúde da População” (Fiocruz). A Câmara enviou à INB o relatório e solicitou sua presença numa “sessão” para discuti-lo; por que até ontem não foi contemplada esta demanda?