Assassinato dos ambientalistas Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro, no Pará, comove Simpósio

Documentário ‘Toxic Amazon’ é exibido no Espaço Abrasco Divulga, com presença do diretor Felipe Milanez para conversa com o público

Abrasco

Durante pouco mais de uma hora, os participantes do 2º Simpósio Brasileiro de Saúde Coletiva foram transportados emocionalmente para o projeto de assentamento agroextrativista praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, onde viviam José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, assassinados em maio de 2011 em uma emboscada de pistoleiros.

‘Toxic Amazon: uma crônica de mortes anunciadas’ é o nome do documentário responsável pelo ‘transporte’. Uma produção da revista Vice, o documentário aborda a temática do desmatamento da Amazônia, evidenciando o abuso de poder no norte do Brasil. Com direção do jornalista Felipe Milanez que acompanhou a história do casal poucos meses antes de seus assassinatos.

Antes de começar a sessão, o coordenador do GT Saúde e Ambiente da Abrasco Fernando Carneiro, apresenta Felipe: “Em 2010, a National Geographic Brasil, da Editora Abril, demitiu o editor-assistente Felipe Milanez pelas críticas que fez à revista Veja,também da Abril, por causa da reportagem “A farra da antropologia oportunista”, que trata de delimitação de reservas indígenas e quilombos no país. Atualmente, Felipe é investigador e cursa o doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em 2012 foi nomeado pelas Nações Unidas,  um dos Heróis da Floresta para a América Latina. Suas pesquisas atuais focam dinâmicas da violência e instituições, fronteiras e culturas na Amazônia”

Codirigido pelo jornalista mexicano Bernardo Loyola, o documentário foi exibido em vários países e teve grande repercussão internacional. Mesmo assim, há dois meses, o Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA), anulou o julgamento que absolveu José Rodrigues Moreira, acusado de ser o mandante do assassinato de José Claudio e Maria. Em nota, os familiares das vítimas, ingressaram com recurso de Apelação perante o TJ-PA, alegando que a decisão dos jurados contrariou as provas existentes no processo que incriminava José Rodrigues.

“Na opinião dos movimentos sociais e entidades de direitos humanos que assinam essa nota, outro fator que influenciou na decisão de absolvição do acusado, foi o comportamento tendencioso do juiz Murilo Lemos Simão, durante a fase processual e durante a seção do tribunal do júri. A afirmação do magistrado no texto da sentença final, de que “o comportamento das vítimas contribuiu de certa maneira para o crime (…) pois tentaram fazer justiça pelas próprias mãos, utilizando terceiros posseiros, sem terras, para impedir José Rodrigues de ter a posse de um imóvel rural”, foi vista como uma tentativa de criminalizar as vítimas, manchar a história e a memória do casal” – informa a nota assinada por várias entidades, entre elas a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST.

Em novembro de 2010, José Cláudio participou, em Manaus, do TEDxAmazônia – “Hoje eu estou aqui, mas recebo várias ameaças de morte, tenho muitas chances de amanhã não estar mais aqui”. Seis meses após sua palestra, foi assassinado em uma emboscada, junto com sua mulher, Maria.

José Cláudio, em novembro de 2010, no TEDxAmazônia que aconteceu em Manaus - Reprodução internet
José Cláudio, em novembro de 2010, no TEDxAmazônia que aconteceu em Manaus – Reprodução internet

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