Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST
Neste domingo (19/10) teve início em Belo Horizonte o segundo Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente (SIBSA). A atividade, organizada pelo grupo de Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) vai até hoje, quarta-feira (22/10).
O evento tem como objetivo reunir acadêmicos e movimentos sociais para discutir como os diversos retrocessos ocorridos na área ambiental, como os Códigos Florestal e de Mineração, a desregulamentação dos agrotóxicos e o agronegócio tem impactado negativamente a vida e a saúde da população brasileira, além de formas de combater esse processo predatório.
O evento, desde sua construção, conta com a participação de diversos movimentos sociais do campo e da cidade, como MST, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, as Brigadas Populares, o Movimento dos Atingidos pela Mineração (MAM), A Rede de Educação Cidadã (Recid) e a Rede Brasileira de Justiça Ambiental.
Existem três eixos que serão debatidos ao longo do simpósio: os impactos do desenvolvimento e os conflitos territoriais que advém dele; a função social da ciência e as experiências de produção comunitárias; e os direitos da população a Justiça ambiental e políticas públicas de qualidade.
Ao final do encontro, será redigida uma carta de denúncia, apontando os elementos e entidades que destroem a natureza e a saúde das pessoas, e o que fazer para se reverter este quadro.
De acordo com Bianca Rückert, do setor de saúde do MST, o simpósio “é um evento inovador por essa aproximação dos movimentos com a academia. É importatente fortalecer essas relações, ocupar melhor a universidade, para colocar as pautas e denúncias dos movimentos na agenda de pesquisa delas, além de apresentar uma outra forma de fazer ciência e eventos científicos, ao mostrar que os movimentos tem muito a contribuir no debate, inclusive apresentando trabalhos.
Trabalhos acadêmicos
Além dos debates, o simpósio conta com a apresentação de diversos trabalhos e pesquisas acadêmicas sobre os três eixos do evento, sendo que muitos destes trabalhos são apresentados por militantes dos movimentos sociais.
Pedro Felipe Feijão é militante do MST, e fez um curso na Universidade Federal do Ceará em Meio Ambiente. Seu trabalho de conclusão de curso foi apresentado hoje aos presentes.
“Fiz um diagnóstico das condições de vida da comunidade Pau Ferro, localizada no assentamento 25 de maio, no município de Madalena, no Ceará. O problema central é a seca, que ainda hoje permanece. Não há água encanada na comunidade, que é abastecida por caminhões pipa e poços artesianos.
A seca no local, segundo seu trabalho, não é apenas climática, e sim política. “É a região onde menos chove no estado. Muitos açudes secaram. Mesmo assim, a região é a maior bacia leiteira do estado. Os produtores tem que dividir a água entre eles e os bovinos, que bebem e consomem uma grande quantidade de água e insumos”.
Outros trabalhos, como uma pesquisa sobre a produção agroecológica no Sul de Minas Gerais, também serão apresentados por membros do MST. “Esse espaço está sendo muito rico. É um processo muito interessante reunir a academia e os movimentos para colaborar”, diz Pedro.
Outras atividades
Além dos debates teóricos e acadêmicos, o simpósio abriu espaço para uma feira, com produtos de vários movimentos do campo e da cidade, como artesanato, produção agroecologica de café, feijão, queijo, mel, rapadura, ervas medicinais fitoterápicos, plantas medicinais e sabonetes.
Além disso, o evento conta com apresentações culturais. Grupos como o Trovão de Minas, de Maracatu, o Grupo Samba de Terreiro, Shows com Pereira da Viola e Trio Gandaiêra, uma Apresentação do grupo de dança Código Movimento, com o espetáculo “A Dança Que Digiro”, e a CIA Circunstância, com o espetáculo “Viva na Roda”.