Conforme os índios, a situação piorou nos últimos cinco anos depois que a gestão da saúde passou a ser administrada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e não mais pela Fundação Nacional do Índio (Funai). “Tem recursos, mas esses recursos não estão chegando até os índios”
Pollyana Araújo, no G1 MT
Depois de quatro dias feito refém por indígenas da etnia Karajá, o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de São Félix do Araguaia, a 1.159 km de Cuiabá, Milton Martins de Souza, deixou a aldeia na noite desta segunda-feira (13). Ele havia sido sequestrado na última quinta-feira (9), quando estava na sede do Dsei, em São Félix do Araguaia e levado para a aldeia Fontoura, na Ilha do Bananal, em Tocantins.
Um funcionário do Distrito disse ao G1 nesta terça-feira (14) que o resgate foi feito com sucesso e que agora os índios estariam supostamente ameaçando invadir a sede do Dsei. A condição imposta pelos indígenas para a liberação de Milton era uma reunião na região com o secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, para que ele pudesse verificar de perto os problemas enfrentadas pelos indígenas, entre eles a falta de medicamentos.
Após o sequestro do coordenador, o Ministério da Saúde informou que a Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) estava acompanhando a situação e que o secretário responsável pela área havia proposto uma reunião com os líderes do movimento para segunda-feira (13), para tratar da situação, com a condição da liberação do coordenador. Porém, nesta segunda informou que a reunião não tinha data marcada para ocorrer.
Junahu Karajá disse que os funcionários levaram o coordenador sem a autorização dos índios. “O Milton falou que iria pescar e, nesse momento, o levaram embora da aldeia”, afirmou. Segundo ele, a reunião era para ter sido realizada ontem, mas os ‘homens brancos’, como ele disse, não apareceram na aldeia.
Conforme os índios, a situação piorou nos últimos cinco anos depois que a gestão da saúde passou a ser administrada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e não mais pela Fundação Nacional do Índio (Funai). “Tem recursos, mas esses recursos não estão chegando até os índios”, alegou o cacique da Luiz Carlos Mauri Karajá, da aldeia Santa Isabel, em São Félix do Araguaia, um dia após o sequestro do coordenador.
O Dsei da região Araguaia atende índios de 15 aldeias, sendo sete em Mato Grosso e o restante em Tocantins. Conforme dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em 2010 viviam mais de 3 mil índigenas nessas aldeias.