SC – Comunidade Kaingang se une para retomada de terras em Palmas

Segundo o cacique Mauri Oliveira, retomada está sendo pacífica e mais de 300 indígenas estão apoiando a ocupação (Foto: Guilherme Zimermann- Portal TBJ)
Segundo o cacique Mauri Oliveira, retomada está sendo pacífica e mais de 300 indígenas estão apoiando a ocupação (Foto: Guilherme Zimermann- Portal TBJ)

Cinco comunidades da região Sudoeste e Oeste de Santa Catarina apoiam o movimento

Dayanne do Nascimento, Diário do Sudoeste

Por volta das 6h da última sexta-feira (10), integrantes da comunidade Kaingang, da Terra Indígena de Palmas, ocuparam uma fazenda nas proximidades da reserva no município.

Segundo o cacique Mauri dos Santos Oliveira, o local é o mesmo em que, há dois anos, eles realizaram uma ocupação e que agora está sendo retomado. Na época, o proprietário entrou com uma ação de reintegração de posse e a comunidade indígena foi intimada a sair pacificamente das terras. “Com a reintegração, a nossa comunidade sofreu grandes consequências. Nós pedimos, naquela vez, para que a Funai fizesse a revisão da área, e eles mandaram um antropólogo, que fez todos os estudos e os tramites. A Funai então nos forneceu um mapa da área, que mostra que a limitação deste espaço que estamos reivindicando realmente não estava certa e pertence a nós”, destacou.

Conforme o cacique, a área tem um total de 90 alqueires e o título de propriedade atualmente está no nome do advogado Auro da Aparecida Ramos de Mello e arrendada ao agricultor Miguel Kovatti, de Pato Branco. “A nossa comunidade resolveu fazer essa retomada porque a área está toda arrendada, e não pretendemos mais sair. Inclusive, já vamos iniciar o plantio onde não está plantado, porque a comunidade entende que o proprietário que se diz proprietário, porque na verdade os proprietários somos nós, ele não precisa da terra, já que ele está arrendando”, relatou.

Há informações de que já na tarde desta sexta-feira iniciariam os trabalhos de plantio nas áreas que não havia cultivo. “À tarde nós já vamos começar. À noite, sábado, domingo o dia inteiro, vamos trabalhar, e segunda pela manhã queremos ver se tudo estará plantado, porque são só 25 alqueires que está sem plantar”, informou Oliveira.

Apoio

O cacique comentou que foi solicitada a ajuda de outras comunidades indígenas da região para fazer a retomada. Até nesta sexta-feira, pelo menos cinco comunidades indígenas estavam apoiando a ocupação à movimentação, entre elas a comunidade da Terra Indígena de Mangueirinha, de Clevelândia e mais três de Santa Catarina, a Terra Indígena Toldo Ximbangue, de Pinhal e Condá. Segundo ele, são mais de 300 indígenas ajudando na ocupação. Contudo, o movimento está sendo pacífico. “Está tudo tranquilo, até porque antes da retomada o nosso pessoal avisou eles retirarem os maquinários para que não acontecesse nada, porque a nossa intenção é revindicar a nossa terra, mas pacificamente, sem machucar ninguém e sem nenhum problema”, expôs.

Proprietário

Conforme informações divulgadas pelo Portal RBJ, o proprietário da fazenda ocupada pelos índios Kaigangs de Palmas já acionou o poder judiciário pedindo a reintegração de posse das terras, no entanto o cacique informou que eles possuem os documentos fornecidos pela Funai e também já foram contratados dois advogados que estão trabalhando no caso. “A nossa comunidade precisa de terra e não é só essa. Estamos pensando em fazer mais retomadas, porque a comunidade está crescendo muito e os espaços estão ficando pequenos”, contou Oliveira.

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