Por Marcos Aurélio Ruy – Adital
Mesmo com um crescimento de 38% de mulheres candidatas, o número de eleitas para a Câmara dos Deputados e para o Senado Federal teve aumento ínfimo. Nesta eleição, 8.120 mulheres concorreram em todos os cargos. Somente 51 deputadas federais foram eleitas, que representam 9,9% da composição da Câmara. Em 2010, 45 mulheres compuseram a bancada feminina, representando 8,8%. No Senado, cinco mulheres foram eleitas em 27 vagas disputadas, com isso passou-se a ter 11 senadoras em 81 integrantes do Senado, representando 13,6%. Em cinco estados (Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraíba e Sergipe) nenhuma mulher foi eleita para a representação em Brasília. Já em dois (Amapá e Tocantins) foram eleitas 38% e em outros três estados (Rondônia, Roraima e Piauí) as mulheres eleitas atingiram 20%.
Na disputa aos Poderes Executivos, não foi eleita nenhuma governadora em primeiro turno e apenas uma mulher concorre no segundo turno, no Estado de Roraima. Além, é claro, da presidenta Dilma Rousseff, que luta por sua reeleição. “Os resultados são sintomáticos e mostram a necessidade dos partidos acolherem as mulheres e as questões femininas em seu bojo”, defende Ivânia Pereira, secretária de Mulheres da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). De acordo com Ivânia, “o esforço das entidades de mulheres pelo país afora ainda não surtiu efeito porque a mudança de mentalidades é muito mais lenta no processo social e político”. A situação mostra uma dicotomia, porque o Instituto Patrícia Galvão fez um levantamento recentemente e constatou que 78% dos brasileiros defendem mais mulheres na política.
Já a senadora Vanessa Grazziotin (do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), do Amazonas), primeira indicada para comandar a Procuradoria da Mulher, criada em 2013, no Senado, acentua que “o problema tem sua raiz na discriminação que as brasileiras sempre sofreram em todo processo histórico. As desigualdades no mercado de trabalho, nas famílias e em outras esferas sociais ainda hoje estão presentes. Para Ivânia, “não basta ser mulher, é fundamental o engajamento permanente e tenaz no combate ao machismo e ao patriarcalismo ainda predominantes nas mentes de boa parte dos brasileiros e brasileiras”. Ela defende “uma atuação mais compromissada dos setores avançados da sociedade civil para que as mulheres tenham condições de igualdade com os homens em todos os setores da vida do país, inclusive na política”.
Pelos resultados das eleições, “ainda há um longo caminho a trilhar, embora já tenhamos avançando em relação ao preconceito e ao combate à violência contra as mulheres, precisamos estudar condições das mulheres terem mais espaços nos partidos políticos e nas entidades sindicais”, define Ivânia. Além disso, preconiza ela, “há necessidade de que homens e mulheres assumam a bandeira da igualdade de gênero e do combate a todas as formas de discriminação em nossa sociedade”. Para Ivânia, “somente uma reforma política com ampla participação popular para dar condições iguais na disputa eleitoral, inclusive para a igualdade de gênero”.