“A forma como se deu a prisão de MOISÉS JORGE e a detenção de três outras lideranças do MST, no último dia 26 do mês corrente, pelo delegado Vítor, da Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá, deixaram indignados os representantes dos movimentos sociais do sudeste do Pará”, afirma Nota Pública divulgada pela CPT Marabá. Entenda o conflito aqui e leia a Nota na íntegra:
O único mandado que o delegado Vítor apresentou no momento da prisão foi em desfavor de Moisés Jorge, mas foi expedido em 28 de fevereiro passado, em decorrência de acusações de furto de gado por acampados do MST na fazenda Maria Bonita do Grupo Santa Bárbara. Inclusive essa área de conflito fora objeto de um acordo entre o INCRA e o Grupo Santa Bárbara, assinado em Março passado, disponibilizando o imóvel para o assentamento das famílias. O fato é que passaram-se quatro meses sem que o Delegado da DECA demonstrasse qualquer interesse em cumprir a prisão. Caso tivesse interesse em cumprir a ordem expedida pelo juiz de Curionópolis, não haveria qualquer dificuldade, pois, Moisés é liderança conhecida e sempre esteve presente em várias atividades do MST na região, circulando por Marabá e Eldorado. Nunca se escondeu até porque nem sabia da existência do mandado de prisão.
O que chamou a atenção na prisão é que ela ocorreu no momento em que o MST iniciou novo acampamento na divisa da Fazenda Santa Tereza, do poderoso Fazendeiro Rafael Saldanha, um dos acusados do assassinato de duas lideranças do MST em Parauapebas em 1998. Ademais, a prisão das lideranças foi efetuada na porta do INCRA quando saiam do prédio onde estavam reunidas com a vice presidente nacional do INCRA, justamente para discutirem um possível acordo para a solução do conflito. Não há dúvida que, alguém de dentro do INCRA avisou o delegado do momento em que a reunião se encerraria. Fato este que lembrou os tempos da ditadura, quando o órgão fundiário era usado pela polícia para reprimir os camponeses e favorecer os latifundiários. O Delegado proporcionou um verdadeiro espetáculo no momento da prisão, cercando abruptamente as lideranças do MST, com inúmeros policiais fortemente armados, levando todos para a delegacia quando só existia prisão para um deles. (mais…)