Assista na íntegra ao vídeo feito pelo cartunista Carlos Latuff
Cimi – Indígenas Kaingang da Terra Indígena Kandóia, município de Faxinalzinho (RS), relatam em vídeo o cotidiano de perseguições, ameaças e preconceitos a que estão submetidos desde o conflito, no último mês de maio, envolvendo o povo e pequenos agricultores que tentaram, à força, desobstruir vicinal bloqueada pelos indígenas que protestavam pela demarcação de terras. Na ocasião, dois agricultores acabaram mortos em decorrência do conflito com os indígenas.
“Todos os indígenas foram mandados embora (do emprego) sem motivo nenhum. Demitidos do frigorífico. Todos os indígenas de Kandóia. Não querem mais aceitar os indígenas”, explica Cleicinei Kaingang. O ir e vir dos indígenas na região de Faxinalzinho se tornou arriscado ou no mínimo um convite a ouvir xingamentos e ataques racistas.
As cinco lideranças presas, sem nenhuma prova que as incriminasse pela morte dos agricultores, foram soltas sob o efeito de decisão liminar concedida pelo ministro Rogério Schietti Cruz do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no último dia 20. A Polícia Federal segue com as investigações, assim como os ataques contra os Kaingang (leia aqui).
“Os nossos alunos vão para a aula no município de Faxinalzinho. A minha sobrinha, a professora impediu de falar na língua na sala de aula. Essa minha sobrinha não quer ir mais à aula de jeito nenhum”, afirma Cleci Kaingang. Os indígenas dizem que não podem mais tirar taquara ou lenha para o fogo, posto que Kandóia está entre propriedades que incidem no território tradicional Kaingang.
Cacique Deoclides reafirma que nunca deixou de querer discutir com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, saídas para a demarcação das terras. Lembra que chegaram a ir à reunião armada para prendê-los sem mandado judicial. “Nosso povo decidiu não sair daqui. Continuamos esperando o governo vir aqui para resolver a questão”, diz.