Conhecida como Guerrilha de Três Passos ou Movimento 26 de Março, o grupo, comandado pelo coronel Jefferson Cardim, saiu do exílio no Uruguai e chegou a se apossar da Brigada Militar de Três Passos, no Rio Grande do Sul.
A Comissão Nacional da Verdade, no próximo dia 29 de junho, irá à cidade de Três Passos refazer o trajeto da insurreição liderada por Jefferson Cardim na região, onde irá visitar os sítios mais importantes utilizados pelo levante e coletar depoimentos de remanescentes do movimento.
No dia seguinte (30/06), haverá uma Audiência Pública sobre a guerrilha no auditório da Universidade UnIjuí, campus Três Passos, a partir das 19 horas. Darão depoimento à CNV nomes como Valdetar Antônio Dorneles, Adão Oliveira da Silva, Abrão Antônio Dornelles, Pedro de Campos Bones, Vergilio Soares de Lima, Carlos Dornelles, Arsenio Blatt, Alípio Charão Dias e Odilon Vieira, todos remanescentes do Movimento 26 de Março.
De Três Passos, o grupo do coronel Cardim passou por Tenente Portela e subiu na direção do Paraná. Na manhã do dia 26 de março, o então presidente Castelo Branco chegara a Foz do Iguaçu, no Paraná, para inauguração da “Ponte da Amizade” entre Brasil e Paraguai. Estava a cerca de cem quilômetros da rota percorrida pelo grupo insurgente.
Aviões de reconhecimento partiram para a região. Próximo a Capanema, no Paraná, o grupo é localizado por um avião da FAB. Em Leônidas Marques é travado tiroteio com militares que vinham em uma viatura do Exército. A partir daí, o grupo de insurgentes se dispersou e, pouco a pouco, seus homens foram capturados.
Foi grande a repercussão do movimento na imprensa nacional, por ser o primeiro movimento armado contra a ditadura, tanto que, durante os meses seguintes, militantes que se opunham à ditadura lançaram a sigla MR-26 (Movimento Revolucionário 26 de março), em homenagem à coluna. Para o coronel Cardim, seu movimento seria a senha para o desencadeamento de outras ações de militares e civis contra a ditadura militar que havia se instalado no poder, mas tais ações não ocorreram. Preso, Cardim foi humilhado diante de tropas, torturado e exposto ao público, para que a violência de sua punição servisse de exemplo.
Como assinalam Jacob Gorender e Elio Gaspari, deixava de existir, a partir deste episódio, a imunidade de oficiais à tortura, que havia sido respeitada em sublevações anteriores. Os membros de seu grupo também foram torturados, humilhados publicamente e perseguidos.