Viva a excelente gestão da Sesai: mais de 10 toneladas de medicamento vencido e outros produtos hospitalares (soro, leite artificial, gases, algodão, gesso, esparadrapo, luvas, além de colchões e macas), destinados aos indígenas do Xingu, estavam escondidos numa casa fechada e vão agora para o lixo. Até quando, Ministério da Saúde? (Tania Pacheco)
Um dos setores mais precários no Brasil é a saúde. A principal reclamação é a falta de dinheiro. Mas nem sempre. Existem também problemas de gestão, desvios e outros erros que sugam o que já é pouco.
Um funcionário indígena do DSEI Xingu (Distrito de Saúde Especial Indígena do Xingu), antiga Funasa, com sede em Canarana, trouxe há alguns dias, fotos e filmagens mostrando muito medicamento vencido. Conforme esta fonte seriam mais de 10 toneladas de medicamento vencido e demais produtos hospitalares, como soro, leite artificial, gases, algodão, gesso, esparadrapo, luvas, dipirona, entre outros, além de centenas de colchões.
Tudo veio à tona depois que a casa onde ficava acondicionado esse material, na Av. Goiás, bairro Jardim Tropical, teve que ser desocupada às pressas porque a dona vendera o imóvel. Conforme o indígena, ninguém podia entrar nessa casa. Em um quarto ficava o lixo hospitalar, em outro o medicamento bom e em outro o medicamento vencido. Porém, no momento do transporte foi verificado que tudo estava vencido.
Foram três viagens de um caminhão MB 710 para trazer o material de lá e descarregar no pátio do DSEI. Seriam duas cargas de medicamento vencido e uma carga de lixo hospitalar. Enquanto ele filmava, alguém pediu que ele parasse, o que dá para ouvir no áudio. Foi no transporte que as fotos e as filmagens foram feitas.
Conforme nossa fonte, ele acredita que o problema foi ocasionado pela série de mudanças que ocorreram nos últimos anos no setor que cuida da saúde indígena. Isso também trouxe mudanças em contratos e na terceirização do serviço. O IPEAX, por exemplo, que prestava serviço para o DSEI Xingu, não teve o contrato renovado e fechou as portas.
Quando o IPEAX cuidava desse setor de compra e gestão do medicamento, segundo o indígena, eles faziam a troca do medicamento que estava por vencer com as prefeituras da região, pegando de volta esse medicamento quando faltasse ou trocando por outros produtos. Com a intensa troca nas gestões, tudo leva a crer que em algum momento isso parou de ser feito, levando muito medicamento para o lixo.
Nossa equipe de reportagem entrou em contato com o novo coordenador distrital do DSEI Xingu, Eric Daniel Cantuária. Ele assumiu o posto há cerca de dois meses, em 11/Abril e ainda está se inteirando de todas as situações. Eric atendeu muito bem o contato e respondeu todas as perguntas. Conforme o indígena fonte da denúncia, o novo coordenador não tem nenhuma culpa sobre o ocorrido, pois tudo aconteceu muito antes de sua chegada.
Eric Daniel explicou que, neste ano, a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) fez uma intervenção no DSEI Xingu. Na semana passada, o MPF (Ministério Público Federal) fez vistorias no distrito. Ambos estão investigando as denúncias e apurando os responsáveis pelo medica-mento vencido e outras irregularidades.
Cantuária falou que não sabe precisar a quantidade de medicamento vencido, mas que não se trata de 10 toneladas. Alguns medicamentos estavam vencidos desde 2009. O material foi levado para um depósito e está aguardando , a chegada de um caminhão que levará o mesmo para des-carte em local apropriado.
Eric Daniel disse que novos medicamentos já foram com-prados e devem chegar em breve, resolvendo a falta dos produtos. Também explicou que a troca de medicamentos já está sendo feita quando os mesmos não são utilizados e estão por vencer, evitando o desperdício dos produtos.
Não se sabe de quem foi a responsabilidade, mas a Sesai e o MPF devem apontar os nomes nas investigações. Não se sabe a quantidade do desperdício, mas ele existiu e um monte de dinheiro foi parar no lixo, enquanto muitos índios sofrem pela falta de um simples medicamento. (Da Redação).