O secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse ontem (11) que a Polícia Civil viu necessidade de ouvir ativistas investigados por participação direta ou indireta em atos de violência durante protestos. Mais cedo, dez pessoas foram levadas à Delegacia de Repressão a Crimes contra a Informática. Uma delas, a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, foi ouvida e liberada.
A um dia da Copa do Mundo, a polícia cumpriu 17 mandados de busca e apreensão na Barra da Tijuca, no centro do Rio e em Copacabana; no Catete, em Bangu, em Botafogo e em Niterói, no Grande Rio. A ação foi um desdobramento do inquérito aberto em setembro de 2013, quando três pessoas foram presas por suspeita de formação de quadrilha e incitação à violência.
“O que estamos fazendo hoje é o resultado daqueles trabalhos que começaram a sugerir que fizéssemos buscas e obtivéssemos instrumentos para analisar e continuar o trabalho”, disse Beltrame. “Não é uma aventura”, disse ao chegar para entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, na sede da emissora no Rio.
O secretário explicou que o delegado do caso justificou a necessidade de encaminhamento dos ativistas à delegacia “como importante”, e negou qualquer coincidência entre o depoimento de hoje e uma manifestação marcada para hoje (12). Ele disse que a polícia cumpriu os mandados à medida que foram concedidos pela Justiça, a pedido do Ministério Público Estadual. “As medidas judiciais saíram e foram cumpridas. Não podemos deixá-las engavetadas”, disse.
O secretário negou que a Polícia Civil das cidades-sedes da Copa estejam trabalhando em conjunto para coibir protestos durante o Mundial. Ontem, em Brasília, ativistas do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas denunciaram perseguição policial. Segundo Beltrame, o inquérito do Rio está relacionado a atos praticados no estado do Rio e está “recém-começando”.
Para advogado Marino D’Icarahy, que defende três dos interrogados, a operação de hoje é fruto de um “estado de exceção”.
Sobre as manifestações previstas ao longo da Copa, o secretário voltou a defender projeto de lei que tipifica como crime a prática e a incitação de desordem. “Já nos manifestamos quando levamos o projeto à Brasília [Congresso Nacional]”. A ideia segundo ele, é evitar que “da manifestação decorram crimes”. Advogados acham que o projeto é ameaça ao direito de expressão.