Por Márcio Zonta
Da Página do MST
O Pará pode estar prestes a viver mais um genocídio de camponeses nos próximos dias.
Os Sem Terra acreditam que a afirmação de Eudério Coelho, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Marabá (PA), dizendo que não enfrentará o latifúndio na região é apenas um indício, entre muitos.
De acordo com uma fonte que vive os bastidores do Incra – que preferiu não se identificar -, Eudério teria feito tal afirmação, quando se reunia com líderes Sem Terra, por estarem na sala ao lado os fazendeiros Rafael Saldanha de Camargo e Zé Iran, acompanhados de pistoleiros.
Horas depois, um carro similar ao utilizado pelas lideranças Sem Terra para ir até o Incra foi incendiado nas proximidades do acampamento por um grupo de homens armados.
Para Maria Raimunda, Eudério não teve “escrúpulos” em seu ato. “Entregar de mão beijada, apresentar as lideranças do MST para os fazendeiros?”, indaga a Sem Terra.
Comboio de pistoleiros
Outro integrante do MST no Estado no Pará disse ter recebido um telefonema de uma pessoa ligada ao prefeito de São Felix do Xingu, João Cleber de Sousa Torres (PPS-PA), dizendo que o mesmo teria enviado mais cinqüenta pistoleiros para região próxima as fazendas ocupadas.
Por mais que o município fique a 500 km de Marabá, Souza estaria preocupado, já que a ocupação das 1.200 famílias Sem Terra estragaria seus negócios de madeireiro.
O MST no estado do Pará diz que Souza tem ligações econômicas com Rafael Saldanha, grileiro da fazenda Santa Tereza, e Zé Iran, também proprietário ilegal da fazenda Cosipar.
Conforme revela um servidor do Incra, que teme represálias, ainda que a área tenha sido extremamente devastada, resguarda vários hectares de castanheiras fazenda adentro, de onde Souza retiraria a matéria prima.
Souza é dono da Ipanguaçu Madeiras LTDA e do Jurity Agropecuária, que compreende três grandes propriedades no Estado do Pará: as fazendas Bom Jardim, Ouro Branco e Princesa do Vale.
O envio de pistoleiros para região teria se realizado na forma de consórcio, como se chama habitualmente no Pará, onde Souza arrecadou junto a vários latifundiários, dinheiro para bancar a pistolagem contra as famílias acampadas e eliminar lideranças Sem Terra no estado paraense nos próximos dias.