Eles pedem carta de retratação garantido novas investigações sobre o catracaço. Assembleia Geral dos Estudantes começou às 12h40 e terminou às 15h20
Entre 12h40 e 15h20, cerca de 200 alunos estiveram reunidos no Salão de Atos da Reitoria da Universidade de Brasília (UnB) para uma Assembleia Geral dos Estudantes. O encontro discutiu o futuro da ocupação. Depois de informes e votação, o grupo deliberou que a desocupação seja feita, desde que o reitor Ivan Camargo assine uma carta de retratação para garantir que novas investigações sejam feitas sobre os processos do catracaço e dos happy hours. O grupo exige que o Conselho de Administração da UnB (CAD) não revogue as propostas da Defensoria Pública da União.
O professor do Departamento de Filosofia Ebenezer Nogueira representa os alunos e está em contato com o reitor para negociar a assinatura da carta. Segundo o grupo, o reitor, a princípio, teria se negado a assinar o documento enquanto a Reitoria ainda estivesse ocupada. O defensor público federal Heverton Gisclan Neves da Silva, que participou da assembleia, afirmou que o reitor não precisaria assinar a carta porque a própria Defensoria Pública da União garantiria o cumprimento das decisões. Posteriormente, o reitor Ivan Camargo teria afirmado ao grupo que assinaria a carta.
Os alunos redigiram a carta de retratação e o professor Ebenezer Nogueira levou o documento ao reitor, na sala dele na Faculdade de Tecnologia (FT), para que fosse assinado. O texto pede que os processos existentes sejam trancados e que novas investigações sejam feitas sobre o catracaço e sobre os happy h ours com a presença da DPU. O texto diz ainda que uma reunião deve ser feita, até 20 de junho, para tratar da remoção dos Centros Acadêmicos (CAs) do Instituto Central de Ciências (ICC).
O grupo ameaçou ainda fazer um novo catracaço nesta quarta-feira (11/6) para defender a entrada no Restaurante Universitário (RU) sem pagar pela refeição como “modo legítimo de luta”, mas depois mudou de ideia. A proposta veio do Centro Acadêmico de Filosofia e, caso o catracaço aconteça, será desvinculado do movimento da ocupação.
Medidas da DPU
Na manhã desta terça-feira (10/6), o reitor da UnB, Ivan Camargo, se reuniu com o defensor público federal Heverton Gisclan Neves da Silva no prédio do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT/UnB). A reunião entre a Defensoria Pública da União (DPU) e a administração da reitoria da Universidade de Brasília (UnB) decidiu que o processo contra os oito alunos que participaram do catracaço — protesto feito por alunos no Restaurante Universitário (RU) em 2013 —, deve ser extinto.
Será aberta nova sindicância, não para apontar culpados, mas sim para levantar possíveis responsáveis por atos isolados – se houver provas contundentes – e para apurar os danos causados. Segundo o Conselho de Administração da UnB (CAD), o processo não sairia da instância administrativa, ou seja, não seria julgado.
O reitor e o defensor público decidiram que serão investigados novamente os processos que envolvem o catracaço, os happy hours e a ocupação da reitoria. Em 20 de junho, será feita nova reunião entre a Reitoria da UnB e a Defensoria Pública da União sobre a garantia de espaços dos Centros Acadêmicos (CAs) no Instituto Central de Ciências (ICC) no câmpus Darcy Ribeiro – já que há um projeto que pretende remover os CAs do local.
Leia abaixo a Carta Aberta divulgada no ato da ocupação da Reitoria da UnB:
“CARTA ABERTA DA OCUPAÇÃO DE REITORIA DA UNB
O gabinete da Reitoria da UnB foi Ocupado hoje, 5 de junho de 2014, por volta das 16h. A Ocupação ocorreu após reunião do movimento estudantil da UnB com o Reitor, Ivan Camargo, a Decana de Assuntos Comunitários, Denise Bom tempo e o Chefe de Gabinete, Ebenézer Silva. Nesta reunião, a administração superior foi intransigente e negou o atendimento das reivindicações apresentadas, aprovadas na Assembleia Estudantil do mesmo dia.
A Ocupação é uma resposta às constantes atitudes repressoras por parte da Reitoria para com os/as estudantes. Oito estudantes estão sendo processados/as e perseguidos/as devido às manifestações que reivindicavam direitos da assistência estudantil, podendo ser jubilados, arcarem com R$ 29.000 ou mesmo sofrerem reclusão de 3 a 8 anos! Centros Acadêmicos também estão sendo processados em virtude de Happy Hours, correm o risco de serem removidos involuntariamente, e perderam o direito de auxílio transporte e disponibilização de ônibus para a participação em encontros estudantis e eventos acadêmicos. As regras de convivência estão cada vez mais rígidas. Happy Hours e outras formas de integração estudantil são proibidas e os/as estudantes têm cada vez menos voz.
Todas essas atitudes são reflexos de uma Reitoria que reivindica o “Estado de Direito” para criminalizar o movimento estudantil e abrir processos administrativos e judiciais contra estudantes e técnicos/as que fazem a luta contra esse modelo de educação elitizado. A Reitoria produz em escala universitária o que governos vem realizando contra greves e manifestações que desde Junho de 2013 ganharam as ruas do Brasil.
Durante a reunião com a reitoria, esta se mostrou completamente irredutível. Buscou se isentar da responsabilidade pela condução dos processos. Alegou não ser de sua competência a extinção dos mesmos, mas sim do Conselho de Administração (CAD). No entanto deixou claro sua posição como reitor: a manutenção das sindicâncias para “responsabilização” dos estudantes envolvidos nos processos, negligenciando as demais pautas reivindicadas.
Diante da postura da Administração que criminaliza o Movimento Estudantil, identificando sem critérios supostos estudantes e CAs envolvidos, e da negação ao acesso ao Gabinete, os estudantes ocuparam a Reitoria. Durante esse processo, foi necessário derrubar a porta do Gabinete, assim, os estudantes efetivaram a ocupação física do espaço, instaurando logo em seguida uma Assembleia sobre os rumos da manifestação que, a partir de então, configurou-se como Ocupação.
Convocamos estudantes, técnicos, professores, terceirizados e movimentos sociais para participarem da assembleia a ser realizada amanhã, sexta-feira, dia 06/06, às 12h no Salão de Atos da Reitoria. Junte-se à Ocupação e contribua no avanço da luta por uma Universidade democrática que não criminalize seus atores políticos.
Comissão de Comunicação da Ocupação da Universidade de Brasília.
5 de junho de 2014.”
Acompanhe a Ocupação AQUI.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Verde Do Violinista.