Suzano requer licenças prévia e de operação para expansão de eucaliptais em Montanha

Madeira Total* – A Suzano Papel e Celulose requereu ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) as licenças prévia (LP) e de operação (LO) para o plantio de eucalipto nas fazendas dos blocos II, III e IV, localizadas em Montanha (extremo norte capixaba). Os comunicados foram publicados na edição do Diário Oficial desta terça-feira (27), nos quais consta que “os interessados na realização de audiência pública” devem formalizar o requerimento no Idaf em até 45 dias após a data de publicação.

O Bloco II compreende as fazendas Juazeiro, Luziane, Balão, Oriental, Esplanada, Alvorada, Luiz Siqueira e São Jorge, com área total de plantio de 2.533 hectares. Já no Bloco III estão as fazendas Santa Fé I, Santa Fé II e Santo Antônio, com área de plantio de 630 hectares. E, por último, no Bloco IV, as fazendas Eldorado II, Colina e Estrela do Oriental, onde será plantado eucalipto em 1.805 hectares. As fazendas integram a Bacia do Rio Itaúnas.

Os Relatórios de Impacto Ambiental (Rimas) apenas do bloco II e da Fazenda Eldorado estão disponíveis no site do Idaf e foram preparados pela empresa Aqua Ambiental. Também consta que as audiências destas duas expansões já foram realizadas, respectivamente em novembro e outubro do ano passado.

A audiência do dia 16 de outubro de 2013 gerou revolta a diversos militantes de movimentos sociais do campo, que realizaram uma ocupação popular no local do evento, um cerimonial de posse privada. Os militantes prepararam, na ocasião, uma nota na qual destacaram o “caráter privado” da audiência e se posicionam contra os monocultivos em todo o território capixaba, evidenciando o insatisfatório índice de empregabilidade de tal atividade, além de ser evidente que nos municípios onde os eucaliptais existem estão as maiores taxas de pobreza.

Junto com a Aracruz Celulose, a Suzano responde pelo modelo de desenvolvimento representado pelas monoculturas de eucalipto no Estado. Nos municípios do extremo norte do Estado, a empresa repetirá os impactos sociais e ambientais já conhecidos das comunidades tradicionais da região, principalmente quilombolas do antigo território do Sapê do Norte, formado pelos municípios de São Mateus e Conceição da Barra.

Entidades como o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a Rede Alerta Contra o Deserto Verde denunciam há décadas a contaminação do solo e da água gerados pelos plantios de eucalipto, além da mecanização, que gera desemprego em larga escala. A Suzano também é responsável por promover o êxodo rural e os conflitos instalados no campo.

A concentração de terras em poder das multinacionais impede ainda a realização da reforma agrária e o desenvolvimento de projetos da agricultura familiar. A consolidação dos projetos da Aracruz e Suzano só foi possível graças a financiamentos públicos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). 

*Fonte: Século Diário

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Mayron Borges.

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