Polícia identifica dois do grupo que teria acorrentado adolescente em poste no Flamengo

Jovens de classe média do Flamengo agridem cracudos com bastão de madeira. Foto feita em 02/02/2014, dia em que o grupo foi detido O Globo / Carlos Ivan
Jovens de classe média do Flamengo agridem cracudos com bastão de madeira. Foto feita em 02/02/2014, dia em que o grupo foi detido O Globo / Carlos Ivan

Eles fariam parte do grupo de 14 jovens de classe média detidos três dias depois, em outro atentado. Vítimas contaram que apanharam de correntes e de capacetes de motocicleta

Elenilce Bottari – O Globo

RIO – Pelo menos dois dos quatorze rapazes de classe média detidos na segunda-feira passada, acusados de tentar agredir dois adolescentes no Parque do Flamengo, participaram também na sexta-feira, dia 31, do ataque que resultou na agressão a quatro outros adolescentes, entre eles, o jovem, de 15 anos, que teve o pescoço acorrentado nu por uma tranca de bicicleta a um poste na Rua Rui Barbosa. Eles foram reconhecidos por duas outras vítimas que prestaram depoimento à delegada Monique Vidal, na 9ª DP (Catete) e afirmaram que na mesma sexta-feira e por volta do mesmo horário foram cercadas no Aterro do Flamengo por um grupo de cerca de 30 motociclistas, que arrancaram suas roupas e os agrediram com capacetadas, correntes e tacos de beisebol. Uma das vítimas, um adolescente de 17 anos, conseguiu escapar e fugiu para dentro do Bar Sonho do Flamengo, que fica na esquina da Praia do Flamengo com a Rua Senador Vergueiro, onde foi salvo por frequentadores que impediram que os motociclistas continuassem a agressão.

O caso não havia sido registrado porque a viatura do 2º BPM (Botafogo) que recolheu o adolescente no bar, levou-o para a UPA de Botafogo para tratar dos ferimentos e de lá o deixou em um abrigo,conhecido como Carioca, na Lapa. Em seu depoimento, no entanto, esse adolescente reconheceu dois dos 14 jovens de classe média detidos na segunda-feira. Ele contou que era difícil fazer o reconhecimento do restante do grupo porque precisou manter as mãos sobre o rosto para se proteger dos golpes desferidos contra ele com capacetes. O outro afirmou que apanhou a correntadas nas pernas.

A polícia agora procura a quarta vítima do grupo para tentar identificar outros envolvidos. Embora posem de justiceiros pelo bairro, os dois jovens têm contra si, outras investigações por crimes de agressão, ameaça, furto e estupro. O outro responde por crime eleitoral e por uso de maconha.

— Eles já estavam respondendo pela tentativa de agressão, corrupção de menor e formação de quadrilha no caso de segunda-feira, e agora vão responder também por esse outro caso de lesão corporal e quadrilha. Eles já foram identificados pelas vítimas que souberam detalhar exatamente a participação de cada um deles no crime — afirmou a delegada Monique Vidal.

Segundo ela, como o grupo é bem maior do que os 14 detidos na segunda-feira, é possível que com a identificação de outros participantes que se possa localizar e também identificar agora os jovens que acorrentaram o adolescente na mesma sexta-feira.

— O limite entre pessoas de bem e criminosos é o respeito a lei. E eles ultrapassaram bastante esse limite — afirmou a delegada, que entrega o caso amanhã para o novo titular da 9ª DP, Roberto Nunes.

Ainda em seu depoimento, o adolescente que entrou nu no bar, contou que foi salvo pelos frequentadores:

— Primeiro eles pensaram que eu tinha entrado para roubar e me imobilizaram. Foi quando os caras que estavam me perseguindo tentaram me agredir de novo, mas os frequentadores não deixaram e chamaram a polícia para me socorrer — afirmou a testemunha.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.

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