
Ivã Bocchini, coordenador da Funai exonerado após os conflitos do final do ano em Humaitá (AM), fala sobre seu trabalho, a visão dos índios e o futuro da Funai
Por Rodrigo Martins, na Carta Capital
O acirramento do conflito entre indígenas e colonos em Humaitá resultou na exoneração do coordenador regional da Funai na região do Madeira, Ivã Bocchini. Por solicitar uma investigação das circunstâncias da morte do cacique Ivan Tenharim e levantar a hipótese de homicídio, lastreada no relato de diversos indígenas descrentes na versão oficial de acidente de trânsito, o servidor sofreu uma intensa campanha difamatória pela internet.
São incontáveis os ataques em redes sociais nos quais o indigenista é apontado como responsável pela morte de três homens no trecho da Transamazônica que passa pela reserva dos Tenharim, vítimas de uma retaliação dos índios, segundo a Polícia Federal. O erro de Bocchini? Ter antecipado em um blog da Funai que havia indígenas inconformados e ciosos de vingança. O alerta foi acompanhado de ofícios às autoridades policiais, mas o esforço resultou inútil.
Após o desaparecimento dos três homens, e mesmo sem a confirmação da morte deles, grupos armados atearam fogo em casas da aldeia e destruíram as instalações da Funai em Humaitá. A sede da coordenação regional foi consumida pelas chamas, assim como carros e um barco do órgão de proteção indígena. (mais…)