Deputados aprovam requerimentos em prol dos índios xacriabá

As lideranças indígenas não puderam comparecer porque tiveram reunião de emergência no MPF de Governador Valadares
As lideranças indígenas não puderam comparecer porque tiveram reunião de emergência no MPF de Governador Valadares

Alto índice de suicídios de jovens na tribo, em São João das Missões, preocupa a Comissão de Direitos Humanos

Assembleia de Minas – Preocupados com os altos índices de suicídio cometidos por jovens indígenas da etnia xacriabá, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou uma audiência pública nesta quinta-feira (28/11/13) para discutir e tentar obter soluções para o problema. As lideranças indígenas convidadas não puderam comparecer porque tiveram que participar de uma reunião de emergência no Ministério Público Federal (MPF) em Governador Valadares (Vale do Rio Doce).

Mesmo assim, o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), considerou a reunião produtiva, diante da aprovação de requerimentos de providências às autoridades federais e estaduais para a criação e expansão de programas assistenciais voltados para a saúde e valorização cultural da comunidade indígena, bem como para a rapidez na ampliação de seu território.

De acordo com o autor do requerimento para a reunião, deputado Arlen Santiago (PTB), nos últimos anos foram registrados 15 suicídios na tribo xacriabá, que ocupa uma área de 50 mil hectares demarcada em São João das Missões (Norte de Minas). “É uma situação com a qual não podemos conviver”, disse o parlamentar. Ele lembrou que, em 1987, época da demarcação pela Fundação Nacional do Índio (Funai), a população indígena era de 4 mil pessoas e hoje chega a aproximadamente 10 mil.

Um dos possíveis motivos para o alto índice de suicídios, segundo o deputado Arlen Santiago, é exatamente a limitação territorial. “Eles já não conseguem produzir, estão sem espaço para plantar sua própria comida”, disse. A ampliação da área demarcada é uma reivindicação antiga dos xacriabás. Em 2011, um grupo de estudos criado pela Funai concluiu que os índios têm direito a uma reserva com 100 hectares. Os 18 fazendeiros que se encontram no local seriam indenizados somente pelas benfeitorias implementadas, e não pelas terras, o que tem gerado conflitos e ameaças contra integrantes da tribo.

O deputado Durval Ângelo citou também que os suicídios podem estar ligados à crescente perda da identidade cultural dos indígenas. “Por um lado, eles não podem assumir plenamente sua condição indígena e, por outro, não são vistos como os brancos”, afirmou. O deputado lembrou, ainda, que a demarcação correta das terras é muito importante para a cultura e a religiosidade dos índios, que têm forte ligação espiritual com seus antepassados, enterrados naquele local.

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