Da Redação Portal Vermelho
Os índios tupinambás do distrito de Olivença, pertencente ao município de Ilhéus, no sul da Bahia, que estão em conflito com fazendeiros locais por terras, adiaram os protestos pelo assassinato de três indígenas, ocorrido na última sexta-feira (8/11). O motivo do adiamento foi a chegada, na última segunda-feira (11), de duas médicas cubanas enviadas pelo programa “Mais Médicos” na comunidade.
O objetivo dos índios era fechar uma rodovia estadual, na segunda, mas eles substituíram o ato por uma recepção às médicas, que receberam um prato de pitangas de presente. “Como a chegada delas é muito bem-vinda, decidimos adiar a manifestação para recepcioná-las e dar boas-vindas”, explicou o cacique Val Tupinambá ao jornal A Tarde.
As profissionais de saúde vão integrar a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Elas contaram que já têm conhecimento dos conflitos de terra na região e que não devem interferir na questão.
“Estamos sabendo dos conflitos, mas não vamos interferir. Viemos para atuar na saúde e melhorar as condições da população indígena”, afirmou Ana Ofélia, uma das médicas cubanas.
O conflito
A área em disputa pelos índios é de 47 mil hectares e, além de Ilhéus, abrange também os municípios de Una e Buerarema. Um estudo feito pela Funai (Fundação Nacional do índio), há 18 anos, apontou que o local é originalmente ocupado por famílias indígenas, no entanto, existem pelo menos 600 propriedades rurais na área, hoje.
Em setembro, a Força de Segurança Nacional chegou a ser enviada para intervir nos conflitos. No entanto, as intervenções não deram conta de evitar as mortes de cinco tupinambás e um pataxó, que ocorreram nos últimos meses.
Os crimes contradizem o efeito da “mesa de diálogo”, proposta pelo Ministério da Justiça, na tentativa de apaziguar o clima de tensão no local. No último dia 25, o ministro José Eduardo Cardozo intermediou uma reunião entre os índios e os fazendeiros, se comprometendo a elaborar um plano de segurança para a região.
*Com jornal A Tarde