Por Reynaldo Costa
Da Página do MST
A empresa Suzano Papel Celulose ameaça de despejo cerca de 80 famílias moradoras de uma comunidade tradicional em Matões do Norte, no estado do Maranhão.
A área de oito mil hectares é ocupada pela quarta geração dessas famílias, que há mais de 100 anos se sustentam do uso da terra, preservam o meio ambiente e mantêm ali sua cultura tradicional.
No pedido de reintegração de posse apresentado à Justiça de Matões, no entanto, a Suzano acusa as famílias de invasora e criminaliza lideranças da comunidade.
Entretanto, a Empresa não apresenta nenhum documento de posse ou de propriedade da área. Na ausência destes documentos, a Justiça de Matões decidiu não acatar o pedido de reintegração de posse e marcou uma audiência de justificação prévia, para que o Grupo Suzano comprove a titulação das terras.
Como já se sabe de denuncias de grilagem de terras por parte da Suzano em outras regiões do Maranhão, os trabalhadores e trabalhadoras rurais da comunidade temem que a empresa apresente documentos falsos.
Nesse sentido, a assessoria Jurídica da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura o Maranhão (FETAEMA) acompanha o caso.
O Movimento Sindical Rural também está bastante vigilante, temendo que o grupo se utilize de velhas práticas, como por exemplo, contratar jagunços para expulsar as famílias que se negam a deixar o local.
Os agricultores ainda destacam o fato dos dirigentes da Suzano terem boas relações com a Secretária de Indústria e Comércio do estado, tendo trânsito livre no Palácio dos Leões.
Suzano e a grilagem
No Maranhão desde 2009, a Suzano Papel e Celulose é a maior indústria do seguimento no país e a segunda do mundo em produção de celulosa a partir do eucalipto.
Segundo as organizações sociais, a empresa aparece como uma verdadeira “grileira” de terras na região do Baixo Parnaíba (nordeste do estado), expulsando famílias e denominando-as de invasoras.
As áreas apropriadas pela empresa são sempre as mais planas e mais acessíveis, ou seja, as melhores para a produção agrícola, o que inviabiliza a produção de leguminosas, arroz, milho e outros cultivos de milhares de famílias camponesas.
As organizações de direitos humanos que atuam na região também destacam a perseguição por parte da empresa a posseiros seculares em várias regiões do estado, sempre contando com a proteção do governo estadual.
Além disso, o Grupo Suzano também é acusado incorporar terras devolutas no seu patrimônio. Hoje, estima-se que cerca de 200 mil hectares estão sobre o controle da Empresa, com cerca de 110 mil com plantações de eucalipto.
Dentro desse contexto, os movimentos sociais reclamam do sucateamento do Instituto de Colonização e Terras do Maranhão, o que impedi a arrecadação dessas terras para assentamentos da Reforma Agrária.