SP – Mulher é obrigada a lacrar mochila e sofre racismo em mercado

Rosiney Gonzaga foi obrigada a lacrar mochila em supermercado em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Rosiney Gonzaga foi obrigada a lacrar mochila em supermercado em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)

Moradora de Piracicaba (SP) elaborou um boletim de ocorrência por injúria. Servidora pública afirmou que casal branco teve outro tratamento no local.

G1 SP

A funcionária pública Rosiney Souza do Carmo Gonzaga, de 50 anos, procurou a Polícia Civil de Piracicaba (SP) na noite deste domingo (3) para registrar um boletim de ocorrência de injúria. Ela alega que sofreu racismo ao entrar em um supermercado no bairro Piracicamirim. Segundo Rosiney, uma funcionária do estabelecimento a obrigou lacrar sua mochila por ser negra.

“Eu entrei no mercado com a mochila e a funcionária me parou na porta e falou que tinha que lacrá-la. Eu questionei e expliquei que ali estavam guardados meus documentos, cartões e lista de compra. Mesmo assim, ela me disse que precisava lacrar. No mesmo instante percebi que outras mulheres estavam com bolsas grandes e questionei, mas a colaboradora relatou que era porque era mochila e se eu não o fizesse seria monitorada dentro do mercado”, relatou.

Rosiney disse ainda que questionou a funcionária se a restrição era por causa da sua cor. “Eu perguntei para ela: todas as pessoas que vêm aqui para roubar usam mochilas e são negros? Ela me respondeu ‘nem sempre’. Só com essa resposta percebi que estava me satirizando”, afirmou a servidora.

Para evitar mais constrangimentos, Rosiney acatou a regra da empresa, lacrou a mochila e fez a compra junto com o marido, que presenciou a cena. Mas quando o casal estava ainda no supermercado, Rosiney avistou um rapaz branco e sua esposa com uma mochila sem estar lacrada. “Assim que vi o outro casal fui perguntar para eles se tinham solicitado que lacrassem a bolsa, mas o rapaz disse que não. E ainda contou que conversou com a funcionária para tirar dúvidas e ela não disse nada”, relatou a mulher.

Depois que conversou com o casal e pagou a compra, Rosiney disse que voltou a questionar a funcionária. Um segurança do supermercado foi chamado, mas não resolveu o assunto. De acordo com a funcionária pública, logo em seguida ela chamou a Polícia Militar, que a orientou a para registrar a ocorrência.

“Eu me senti humilhada. Só queria o pedido de desculpas da funcionária, mas ela disse que não ia pedir, que ela não tinha feito nada. Sempre tive e vou ter orgulho de ser negra e nordestina. Sou estudante de história e sei muito bem a história do preconceito neste país. Por isso o que aconteceu comigo não pode ficar desse jeito”, relatou.

Supermercado
Por telefone, o gerente do supermercado Coop, que não quis se identificar, disse na tarde desta segunda-feira (4) que não falaria com a reportagem sobre o assunto.

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