Por Ruy Sposati, de Campo Grande (MS)
Cimi – Cerca de cem indígenas Guarani, Kaiowá, Terena, Kadiwéu e Ofaié ocuparam a nova sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), no último dia 3, em Campo Grande (MS). Os manifestantes exigiam a saída imediata do coordenador estadual do departamento, Nelson Carmelo. Com a manifestação, os indígenas garantiram encontro com o secretário nacional da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), Antônio Alves.
A reunião acontecerá no dia 16, no município de Anastácio, região do Pantanal, a 136 km da capital. “Nossa ideia é fazer uma reunião grande, com presença de todas as lideranças indígenas do Mato Grosso do Sul. Todos nós sofremos os mesmos problemas”, explica o cacique Branco, Terena da aldeia Babaçu, da Terra Indígena Cachoeirinha, em Miranda.
Os indígenas questionam o uso dos recursos destinados à saúde indígena no estado. “Nós somos 70 mil [indígenas] no estado. A verba aumenta, mas a situação piora”, indica. Segundo dados informados pelos indígenas, no último ano, o valor repassado ao estado subiu de 20 para 45 milhões de reais.
“Pra saúde, não tem combustível, não tem medicamento… Nem termômetro de temperatura não tem. E não tem lógica, porque o prédio novo do DSEI é luxuoso, custa mais de 20 mil reais por mês só de aluguel. E na base nem aparelho de pressão não tem. Tem alguma coisa errada nessa história”, declara cacique Branco.
“Ele [Nelson] nunca pisou na base, nunca visitou aldeia. Só visita aldeia quando alguma liderança pressiona muito ele. Só que, agora, o nosso sistema mudou: a gente vai pressionar em grupo. Todos os caciques vão juntos lutar, porque o caso é um só em todo o Mato Grosso do Sul: o descaso”, relata.
Entendendo a reunião com a Sesai como uma vitória, os indígenas puseram fim à ocupação e afirmam que, além da saída do atual gestor, irão indicar um indígena para ocupar o cargo. “O que nós queremos é um coordenador indígena. Nós sabemos que isso é possível. Nós temos gente qualificada para indicar”, conclui.