Os 40 anos de um dos principais livros da sociologia brasileira, Crítica à razão dualista, de Francisco de Oliveira, será marcado por um ciclo de debates em São Paulo. Reunindo pensadores do calibre de Paulo Arantes, Cibele Rizek, Paul Singer, André Singer, Roberto Schwarz, Leda Paulani, Luiz Werneck Vianna, Marcelo Ridenti, Leonardo Guimarães e Tânia Bacelar, além do próprio Chico. Os seminários enfrentam a difícil e urgente tarefa de reatualizar uma reflexão dialética sobre os impasses da atualidade brasileira.
Realizados com apoio da Boitempo Editorial, em ação conjunta do CENEDIC, Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, FFLCH-USP.
Programação completa
25/09 | Terça-feira | 17h30 | São Paulo (SP)
FFLCH-USP
Sala 14 Ciências Sociais
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 | Cidade Universitária
Com a presença de Francisco de Oliveira, Leda Paulani, Luiz Werneck Vianna e Paulo Arantes
Realização: CENEDIC, FFLCH-USP
Apoio: Boitempo Editorial
04/10 | Quinta-feira | 17h30 | São Paulo (SP)
FFLCH-USP
Anfiteatro de história
Av. Prof. Lineu Prestes, 338 | Cidade Universitária
Com a presença de Francisco de Oliveira, Marcelo Ridenti, Roberto Schwarz e Paul Singer
Realização: CENEDIC, FFLCH-USP
Apoio: Boitempo Editorial
Sobre o livro
Crítica à razão dualista / O ornitorrinco – Francisco de Oliveira
Em Publicado primeiramente como um ensaio, em 1972, com o título A economia brasileira: crítica à razão dualista, este clássico da reflexão sobre o Brasil foi transformado em livro em 1973. Trinta anos depois, é reeditado pela Boitempo, batizado simplesmente deCrítica à razão dualista. Somam-se a ele neste volume o ensaio O ornitorrinco, também de Francisco de Oliveira, e o Prefácio com perguntas, de Roberto Schwarz.
Em Crítica à razão dualista, Chico de Oliveira propôs uma nova forma de pensar a economia brasileira, oposta à da intelectualidade da época que, ao mesmo tempo em que denunciava a miséria em que vivia (ainda vive) a maior parte da população latino-americana, mantinha seu esquema teórico amarrado à economia de mercado.
Essa dualidade, segundo Chico, “reconciliava o suposto rigor científico das análises com a consciência moral”, levando a proposições reformistas que reduziam a luta de classes à demanda.
Crítica à razão dualista tenta apanhar esses caminhos cruzados: como “crítica, ela pertence ao campo marxista; como especificidade, pertence ao campo cepalino. Quanto à teoria do subdesenvolvimento, ela seria em parte responsável pela não formulação de uma análise do capitalismo no Brasil”.
Três décadas depois, a obra de Chico de Oliveira continua sua busca pela intersecção permanente entre a política, a economia e a sociedade brasileira e seus conflitos. Foi assim que ele promoveu a atualização de sua Crítica, escrevendo O ornitorrinco, nome que deu ao Brasil de hoje, sob o signo de Darwin: “altamente urbanizado, pouca força de trabalho e população no campo, dunque nenhum resíduo pré-capitalista; ao contrário, um forte agrobusiness. Um setor industrial da segunda Revolução Industrial completo, avançando, tatibitate, pela terceira revolução, a molecular-digital ou informática. (…) Mas esta é a descrição de um animal cuja `evolução` seguiu todos os passos da família! Como primata ele já é quase Homo sapiens! Parece dispor de `consciência`, pois se democratizou há já quase três décadas. Falta-lhe, ainda, produzir conhecimento, ciência e técnica: basicamente segue copiando, mas a decifração do genoma da Xylella fastidiosa mostra que não está muito longe de avanços fundamentais no campo da biogenética; espera-se apenas que não resolva se autoclonar, perpetuando o ornitorrinco”.
Esse bicho, que não é isso nem aquilo – um animal improvável na escala da evolução –, foi a forma encontrada por Chico para qualificar a espécie de capitalismo que se gerou no país e que não dá mostras de mudança no momento mesmo em que o Partido dos Trabalhadores chega à Presidência da República.
Somado aos dois ensaios do autor, neste volume encontramos o magnífico Prefácio com perguntas, de Roberto Schwarz. Mais que uma bela e original análise da obra de Chico, esse prefácio é um chamado a que pensemos o mundo além do estreito pragmatismo corrente. O que o leitor terá em mãos representa uma contribuição – e uma provocação – inestimável nestes tempos que continuam obscuros e deveriam desvelar uma aurora.
Sobre o autor
Francisco de Oliveira, um dos mais importantes sociólogos brasileiros, é professor titular de sociologia da Universidade de São Paulo, diretor do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da USP e autor de vasta obra, em que se destacam A economia da dependência imperfeita, Os direitos do antivalor, Noiva da revolução / Elegia para uma re(li)gião, A navegação venturosa: ensaios sobre Celso Furtado, Hegemonia às avessas e A era da indeterminação.