“Morreu o profeta do semiárido”

Roberto Malvezzi (Gogó)

D. José José Rodrigues foi o homem certo, no lugar certo, na hora certa. Quando chegou a Juazeiro para ser bispo, a barragem de Sobradinho estava em construção. Então, ele assumiu a sorte dos relocados, depois dos pobres em geral e nunca mudou. Chegou em 1975.

Aqui era área de segurança nacional, regime militar, ACM governador, prefeitos nomeados pelo presidente da república. Não havia partidos, nem organizações populares. Então, com poucos padres e religiosas, chamou leigos para apoiar os 72 mil relocados. Assim, a diocese foi durante muito tempo o abrigo para cristãos, comunistas, ateus, qualquer um que movido pela justiça assumisse a causa do povo.

Depois enfrentou o período das longas secas. Criou pastorais populares. Fez o opção radical pelos pobres e comunidades eclesiais de base. Usava as rádios e seu poder de comunicação para defender os oprimidos pelo peso dos coronéis e do regime militar. (mais…)

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“Faleceu dom José Rodrigues de Souza, o bispo dos excluídos”

Por Ruben Siqueira

Dom José Rodrigues de Souza, bispo emérito de Juazeiro, Bahia, faleceu esta madrugada, em Goiânia, Goiás, depois de mais de um mês na UTI, em coma induzido, vítima de pneumonia contraída durante tratamento cirúrgico para retirada de água do crânio (hidrocefalia).

Ainda em tempos de ditadura, dom José marcou a vida do povo sanfranciscano pela atitude firme e destemida, em defesa dos direitos da população pobre das caatingas, beira do rio e periferias urbanas. As pobres “vítimas do desenvolvimento” (barragem de sobradinho, projetos de irrigação etc) eram os seus preferidos, como Jesus.

Foi chamado “pequeno grande homem” – e o era! -, mas era mais mesmo o “bispo dos excluídos”!

Vejam sua mensagem por ocasião dos 50 anos da diocese de Juazeiro, cuja celebração concluiu-se ontem na sede da diocese, com uma procissão de cerca de 60 mil pessoas, que em vários momentos rezaram por ele:  (mais…)

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“Quando o filme é melhor que o livro”: O Poderoso Chefão e Cidade de Deus

Marlon Brando como Vito Corleone: um dos personagens mais marcantes do cinema americano do século 20

Gustavo Fonseca

Em agosto, completaram-se 10 anos do lançamento de um marco do cinema brasileiro: o longa-metragem Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles, com roteiro de Braulio Mantovani inspirado no romance homônimo de Paulo Lins. Em março, outra data celebrada foram os 40 anos da estreia do clássico norte-americano O poderoso chefão (The godfather), escrito e dirigido por Francis Ford Coppola com base no livro homônimo de Mario Puzo. Os dois filmes, apesar das muitas diferenças entre si, guardam algumas semelhanças que, se não explicam totalmente o sucesso que obtiveram mundo afora, apontam decisões que foram imprescindíveis para que ambos alcançassem tamanho êxito. Pensar essas escolhas talvez ajude a apreciá-los melhor, bem como o trabalho de seus realizadores.

É sabido que tanto Paulo Lins quanto Mario Puzo escreveram os respectivos romances a partir das próprias experiências, mesmo sem terem feito parte propriamente falando do que retrataram, como traficante no caso brasileiro e como mafioso no caso americano. Paulo Lins (1958), de um lado, morador da Cidade de Deus, cresceu com a deterioração do conjunto habitacional projetado nos anos 1960 para os flagelados das enchentes nas favelas cariocas. O ítalo-americano Mario Puzo (1920-1999), do outro lado, filho de imigrantes italianos estabelecidos em área pobre de Nova York, dedicou-se ao estudo da máfia e de seus costumes, matéria-prima de seus livros – inclusive, claro, O poderoso chefão. (mais…)

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Racismo no Brasil 1930/49 – “Práticas segregacionistas: crianças [negras] receberam educação nazista”

Pesquisador busca evidências de práticas eugenistas na educação brasileira. Antoninho Perri/Ascom Unicamp

Elemara Duarte – Do Hoje em Dia

Entre os anos 1930 e 1940, 50 meninos negros, órfãos ou abandonados foram transferidos de um educandário do Rio de Janeiro para uma fazenda no interior de São Paulo, onde foram submetidos, sob os olhos permissivos da legislação brasileira para a educação da época, a trabalhos forçados, castigos e humilhações. Alguns detalhes neste episódio lembram um campo de concentração e não é mera coincidência.

As crianças foram vítimas de práticas educacionais de inspiração nazista. A passagem está prestes a se transformar no enredo de um documentário e é a base da pesquisa do historiador Sidney Aguilar Filho, que defendeu tese de doutorado na Unicamp sobre o assunto. A pesquisa é intitulada “Educação, Autoritarismo e Eugenia: Exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-45)”.Nesta entrevista, Aguilar traça as ramificações da “eugenia” na educação brasileira antes da Segunda Guerra. O movimento nada saudoso teve representantes ferrenhos em Minas Gerais.

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“Não há liberdade solitária”

Estátua de Karl Marx em Berlim: o filósofo ainda pode nos dar uma mão?

Por João Paulo

Um dos grandes dilemas do mundo contemporâneo, que parece afetar todos os momentos do nosso dia a dia, é a desimportância da convivência. Em palavras mais duras: a descartabilidade da maioria das pessoas, a transformação do outro em lixo. Nosso tempo, ao afirmar laços cada vez mais exclusivos e resumidos, faz do outro uma ameaça. Num tempo em que a competição alcançou todos os terrenos, do mundo do trabalho às relações afetivas, o outro é um ladrão do meu gozo potencial.

A primeira perda desse estado de coisas é a noção de solidariedade. Como o território é de disputas permanentes, querer que o outro progrida e supere suas dificuldades apenas me deixa mais fraco no cenário da luta conspícua. Os problemas do outro são as minhas oportunidades. Essa lógica está presente em vários episódios da vida social. Como o próximo é meu inimigo potencial, é importante neutralizar todos os seus eventuais méritos e vantagens. Esse raciocínio está presente, por exemplo, na condenação das políticas de ações afirmativas.

A segunda consequência do estado de guerra hobbesiana de todos contra todos é a discriminação e o preconceito que passa a perseguir os “perdedores”. (mais…)

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Fuertes críticas indígenas al nuevo Código Civil de Argentina

Venimos a decirles a los congresistas que este proyecto de Código Civil es promotor de desalojos indígenas y promotor de condenas penales por usurpación”. Esta fue la posición del Observatorio de Derechos Humanos de Pueblos Indígenas (Odhpi) ante la Comisión Bicameral del Congreso Nacional de Argentina, en audiencia pública el pasado miércoles en Buenos Aires.

Por Comunicación Odhpi

La organización de derechos humanos coincidió con los pueblos indígenas (que ya habían expuesto) al remarcar la “evidente inconstitucionalidad” del texto propuesto por el Poder Ejecutivo. El Odhpi instó a los legisladores a que “no propaguen el genocidio legalizando el despojo de los pueblos indígenas”.

“La situación actual al interior de las provincias es que la discusión sobre la propiedad comunitaria indígena se da en el ámbito judicial y no en otros ámbitos. Esa es la única respuesta que tiene el Estado para abordar un tema tan sensible como lo es la situación territorial indígena. Ese es el escenario que se ofrece, un escenario donde terratenientes y empresarios se mueven como pez en el agua, y los indígenas apenas si logran, en el mejor de los casos, recurrir a defensores voluntarios. Allí es donde nos encontramos con jueces racistas que se resisten a comprender o se oponen ideológicamente a respetar y considerar al Pueblo Mapuche como colectivamente diferente, a respetar la diversidad que está declarada en la Constitución y a receptar las consecuencias jurídicas concretas que tiene el reconocimiento de pueblos preexistentes”, alertó Micaela Gomiz, abogada y secretaria ejecutiva del Odhpi. (mais…)

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