Convocada por pressão de movimentos sociais, audiência publica debaterá hoje ataques a pobres e negros. Procurador cogita pedir afastamento de cúpula da PM
Por Taís Capelini
O assassinato do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, numa batida policial, e a série recente de “confrontos” entre a PM e a facção criminosa PCC, em São Paulo, podem não ser eventos casuais. Uma audiência no Ministério Público Federal investigará, na tarde desta quinta-feira, na capital do Estado, algumas hipóteses angustiantes. A polícia paulista desenvolveu uma cultura de violência gratuita, autoritarismo e demonstração abusiva de poder, cujo alvo principal é a população pobre e negra, denunciam entidades que participam da Comissão Nacional de Direitos Humanos. O procurador da República Matheus Baraldi Magnani antecipou que está disposto a pedir o afastamento da cúpula da PM no Estado. Para ele, os métodos primários adotados no comando da corporação provocaram “perda de controle” sobre a segurança em São Paulo.
Alguns dados revelam a gravidade da situação. Entre 2006 e 2010, a PM matou 2262 pessoas no Estado — cerca de onze por semana, em supostos “confrontos”. Metade dos policiais encarcerados no presídio Milton Romão Gomes (zona norte da capital) foi julgada e condenada por homicídio. Estes sinais de violência sem controle não foram capazes de oferecer tranquilidade à população. O número de homicídios em São Paulo cresceu 8,4%, no primeiro semestre deste ano. O próprio secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreria Pinto, admitiu que o Estado vive uma “onda de violência”. (mais…)