La Paz, 26 jun (Prensa Latina) – A nona marcha da Confederação de Povos Indígenas do Oriente Boliviano (Cidob) adiou até amanhã sua chegada a essa capital, na espera de uma solução ao motim policial que vive o país, anunciou hoje o deputado Pedro Nuni.
Os manifestantes permanecerão na cidade de Urujara, aonde chegaram ontem, e atrasarão em um dia sua chegada à capital para solicitar ao Governo que respeite a intangibilidade do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Sécure (Tipnis).
Os dirigentes da marcha, após gestões do Governo, apenas aceitaram atrasar sua chegada em 24 horas, apesar das negociações, que foram mediadas pela Defensoria do Povo e a Assembleia Permanente de Direitos Humanos da Bolívia.
Ontem a ministra de Comunicação, Amanda Dávila, disse à Prensa Latina que se faziam gestões através das referidas instituições para que os manifestantes acampassem por alguns uns dias próximo a La Paz, aguardando a resolução do motim policial, e depois entrariam para apresentar suas demandas.
Ao que parece, as gestões prosperaram em parte e os integrantes da marcha decidiram chegar à sede do Governo amanhã, apesar de que o diálogo entre as autoridades governamentais e os policiais amotinados não chegou a um acordo concreto.
Analistas políticos advertem que a chegada dos manifestantes da Cidob, sem a resolução do motim policial, pode criar uma situação explosiva, sobretudo porque por trás de ambos os lados se encontram grupos de poder, que pretendem derrubar o presidente Evo Morales.
No entanto, o atraso de algumas horas permite uma margem para as negociações entre os amotinados e o Governo, que será retomado pela manhã, após a interrupção na madrugada sem que se chegue a um acordo.
Representantes governamentais e dos policiais voltaram a conversar desde a noite anterior, mas depois de várias horas de diálogo preferiram adiar as conversas para hoje.
Enquanto isso, a Praça Murillo, onde se encontram o Palácio de Governo, a Assembleia Legislativa e a Chancelaria permanece tomada pelos policiais de baixa patente amotinados.
A revolta policial iniciou-se na quinta-feira passada, quando cerca de 30 agentes com capuzes e 10 mulheres das chamadas Esposas dos Policiais tomaram a Unidade Tática de Operações Policiais.
Desde o primeiro momento, os responsáveis pela revolta pediram a equiparação de seus salários com os das Forças Armadas, aposentadoria com o total do último salário e a revogação da Lei 101 de Regime Disciplinário. Com o passar das horas, somaram-se outros ao grupo de amotinados, quais depredaram as dependências da polícia.
Ao amanhecer do domingo, quando a sublevação havia atingido a maioria dos departamentos, o Governo e uma representação dos agentes chegaram a um acordo, que não foi aceito por uma parte dos revoltosos.
Desde então, apesar de que o Comandante Geral do corpo, o coronel Víctor Maldonado, assegurou que tudo voltava à normalidade, a situação piorou drasticamente com a tomada da Praça Murillo.
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