Leonardo Sakamoto
Às portas da Rio+20, as empresas também esquentam seus motores deixando suas assessorias de comunicação malucas. É hora de mostrar que também estão juntas para garantir um mundo mais sustentável. Daí a dificuldade revelada por alguns colegas do jornalismo corporativo de fazerem um camelo passar pelo buraco da agulha.
Sou um dos raros seres humanos que lêem com cuidado todo e qualquer release que me enviem sobre novas políticas de sustentabilidade das empresas, sem contar os relatórios que tratam do seu comportamento socioeconômico e ambiental encomendados por elas mesmas. Não porque seja fã dessa literatura, mas faz parte do ofício.
Particularmente, preferia ler o Chico Bento. Que, além de tudo, posicionou-se contra o novo Código Florestal. Coisa que muita empresa grande do agronegócio – que conta com relatórios lindíssimos, salpicados com uma profusão de imagens de onças com próteses dentárias e papagaios-do-piercing-roxo – não fez porque torcia pela flexibilização das leis ambientais.
Para produzir o modelo de relatório mais difundido hoje (Global Reporting Initiative), são envolvidos atores interessados nos impactos da empresa para discutir o comportamento das companhias. A ideia é boa mas, no final, ou questões colocadas não entram exatamente como deveriam ou, pior, a empresa diz uma coisa no relatório e age de forma diferente no mundo real. (mais…)