Revista destaca legado do babalaorixá Jorge da Fé em Deus

A segunda edição da revista Plural, idealizada pelo Instituto Geia, será lançada nesta quarta.

Carla Melo, O Estado

SÃO LUÍS – A trajetória de um dos mais importantes babalaorixás do Maranhão, Jorge Itaci de Oliveira, fundador da Casa de Iemanjá, na Fé em Deus, estará disponível, a partir de quarta-feira, no segundo número da revista eletrônica Plural, uma produção do Instituto Geia.

O periódico, que tem aplicativo grátis para tablet, reúne informações sobre o pai de santo que morreu em 2003. Para baixar a revista ou vê-la pelo computador, basta acessar o site www.geia.org.br, a partir do dia 1º.

A publicação reúne o conteúdo do CD/DVD Imabarabô: Tambor de Mina no Maranhão, lançado pelo Geia em 2003. O voduno, que morreu precocemente dias antes do lançamento do projeto audiovisual naquele ano, deixou um forte legado para os cultos afro- maranhenses.

Este é o segundo número da publicação, que tem plataforma virtual e aborda temas diversos, analisados sob o olhar de intelectuais e pesquisadores de mais diferentes áreas. A escolha em disponibilizar o conteúdo do DVD e do CD na revista, de acordo com o Presidente do Conselho Deliberativo do Instituo Geia, Jorge Murad, se deu em função do esgotamento da edição do trabalho audiovisual. “As pessoas queriam o CD/DVD, mas já não tínhamos mais cópias. Agora, com a revista, elas podem ter acesso a estes conteúdos e de forma fácil e gratuita”, diz Jorge Murad.

Além da trajetória do pai de santo, a revista traz ainda informações e vídeos sobre o calendário anual de festas religiosas da Casa de Iemanjá, a exemplo do tambor de vodum, festa de Santa Bárbara, do boi de seu Légua, de Reis e de São Sebastião, entre outras. A publicação traz ainda um glossário contendo os termos usados nos rituais do tambor de mina.

Revista – Diferente do primeiro número, no qual a revista só podia ser acessada no site do Geia, este terá também como ser visto por meio de um aplicativo para tablet. “Para conseguir baixar a revista basta entrar no site e baixar o programa”, destaca Murad.

Neste número a equipe responsável pela elaboração do periódico investiu ainda mais no formato eletrônico e trouxe para o leitor a possibilidade da interatividade. “Além das fotos, temos vídeo que, caso seja do interesse do leitor, ele pode acessar”, explica o webmaster Helder Maia.

A publicação é uma boa oportunidade para conhecer um pouco mais sobre o Tambor de Mina, religião praticada por Jorge Itaci de Oliveira e que é representativa da cultura maranhense.

Jorge Murad explica que a revista é bimestral e que, como sugere o próprio nome, não tem limitações de temas. O primeiro número foi lançado em novembro do ano passado e reuniu artigos sobre diversas áreas de conhecimento, a exemplo de sustentabilidade, cultura, história, etc.

A Plural tem o objetivo de estimular a produção e a pesquisa. “São revistas que não tem uma data de validade, são documentos que podem ser vistos a qualquer tempo. Além disto, os números anteriores estarão disponíveis para o internauta”, frisa Jorge Murad.

Navegando pelas páginas da Plural, o leitor poderá compreender um pouco mais sobre os rituais do Tambor de Mina por meio de músicas cantadas pelo babalaorixá Jorge Itaci, bem como depoimentos de praticantes e pesquisadores desta religião. O tambor de Mina chegou ao Maranhão por meio de escravos provenientes da Costa da África, da região do Porto de São Jorge Del Mina que cultuavam rituais na língua Mina Jêje (origem Fon) e Mina Nagô (origem Yorubá).

No Maranhão, é desenvolvido e representado pela Casa das Minas, onde os cultos reverenciam os voduns e suas famílias e Casa de Nagô, que cultuam orixás nagôs, nobres, fidalgos, encantados e caboclos. Foram dessas casas que surgiu o ritual do Tambor de Mina do Maranhão, caracterizado pelo toque dos abatás acompanhados de agogôs e cabaças (águe). O ritual é uma sequência de cânticos e coreografias direcionados às entidades espirituais homenageadas em cada festa e em cada casa.

Babalorixá

O envolvimento de Jorge Itaci com o culto da Mina aconteceu desde a infância, quando teve as primeiras manifestações sobrenaturais como transe de entidades relacionadas ao tambor, com orientação de Mãe Dudu, sua parteira, que foi mãe de santo da Casa de Nagô por muitos anos e, como ele, também era filha de Iemanjá.

Iniciado no Terreiro do Egito por Mãe Pia seguiu para fundar sua própria casa no bairro do Calhau, orientados por antigas mineiras da Casa de Cota do Barão e do terreiro de Vó Severa que lhe deram ajuda até a transferência para a Fé em Deus. Depois de alguns anos de orientação de Mãe Dudu da Casa de Nagô, teve contato com Mãe Amélia, da Casa das Minas, que lhe orientou e confirmou no culto aos voduns.

Tornou-se um dos maiores guardiões das tradições afro-maranhenses, incentivando a difusão do tambor de mina em todo o país, com filhos iniciados em vários estados e muitas Casas fundadas a partir da sua.

Serviço

• O quê

Lançamento do segundo número da revista Plural, do Instituto Geia

• Quando

Quarta-feira

• Onde

www.geia.org.br

http://imirante.globo.com/noticias/2012/01/30/pagina297621.shtml

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