Homenagem das Baianas de Acarajé para as Baianas do Judiciário

A luta contra a discriminação racial não tem sido maior que a contribuição que damos ao desenvolvimento do Brasil, a exemplo do que assistimos hoje no Tribunal de Justiça da Bahia e no Conselho Nacional de Justiça – CNJ, quando duas mulheres negras baianas questionaram o papel destes órgãos e a inserção da população negra nestes espaços.

Nestes séculos de lutas tivemos avanços, mas nunca tínhamos nos ousados a questionar o judiciário brasileiro. A campanha Desembargadora Sim. Porque Não? e a  Campanha de inserção de  mulheres negras no Supremo Tribunal Federal nos garantiram a primeira mulher negra Desembargadora na Bahia e a primeira mulher Negra Corregedora Nacional de Justiça, respectivamente em Dezembro 2011 e Setembro de 2010. É isso que precisamos fazer, sair do discurso que constata para a prática que transforma.

Todos sabem, branco(a)s e negro(a)s que vivemos um apartheid disfarçado no Brasil, onde a maioria é subserviente à minoria. Temos dois Brasis: um branco, que vive as vantagens de 350 anos de escravidão e 123 anos de racismo, e outro negro, que vive suas desvantagens. Vivemos esta desvantagem, sobretudo na subrepresentação da população negra nas esferas de poder. (mais…)

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Porque o BBB tem que ser proibido

Luis Nassif

  1. Intimidade e privacidade são bens indisponíveis. Isto é, não é dado a outras pessoas invadirem esse tipo de bem jurídico. É um direito individual, inalienável e intransferível. Somente a própria pessoa – por ela própria (não por meio de outro) – pode abrir mão desse direito.
  2. Exemplificando. A legislação não pune a autolesão. Mas pune quem induz ou pratica a lesão em terceiros, mesmo com sua autorização. Não pune a tentativa de suicídio, mas quem induz. Não proíbe a prática de prostituição, mas pune quem explora. Esses princípios derrubam a ideia de que basta a pessoa autorizar para que sua intimidade possa ser exposta por terceiros de forma degradante.
  3. Tem um caso clássico na França do lançamento de anões. Um bar tinha uma atração que consistia em lançamento de anões. A prática passou a ser questionada nos tribunais. O depoimento de um dos anões foi de que dignidade era ter dinheiro para sustentar a família. A corte decidiu que a dignidade humana deveria prevalecer e proibiu a prática explorada pelo estabelecimento.

A análise do BBB deve ser feita a partir desses pressupostos: (mais…)

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Relatório da viagem à TI Araribóia

Luís Pedrosa, em seu blog

As notícias acerca da morte de uma criança Awa, na TI Araribóia, com certeza apontam para uma realidade mais triste ainda. Significa sobretudo que os madeireiros chegaram ao tradicional território de caça dos Guajajara e que os Awá estavam perambulando por lá, conforme relatos que já se tinha notícia.

A Terra Indígena Araribóia foi homologada em 1990. Está localizada na região Pré-Amazônica do Estado do Maranhão, tem uma extensão de 413 mil hectares, que atinge os municípios de Amarante, Arame, Bom Jesus das Selvas, Buriticupu, Grajaú e Santa Luzia. No interior dos seus limites locallizam-se 80 aldeias, com uma população de cerca de dez mil índios.

Decidimos organizar uma comitiva para entrar na TI na terça-feira, diante da confusão que se instalou, com as notícias sobre a morte do índio. Entre os próprios indígenas havia muita informação truncada e a curiosidade que o tema despertava, ampliava as dimensões do fato.

A publicação de uma nota da FUNAI, desmentindo a notícia da morte e criminalizando Clóvis Guajajara, trouxe mais perplexidade para as entidades que acompanham a questão indígena no Estado. Era algo incomum um boato deste tipo, com referências diretas ao índio Clóvis Guajajara, como tendo sido a origem da notícia. Depois, justamente esta fonte ser desmoralizada no relatório, quando havia a necessidade de uma investigação cautelosa a respeito do assunto.

Não havia forma melhor e mais responsável de apurar os acontecimentos do que se dirigir ao próprio local dos fatos e dialogar com os indígenas. Foi o que fizemos, partindo a comitiva, compostas pelos advogados Luis Antonio Pedrosa (presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA, Igor Almeida (advogado da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos) e Rosimeire Martins (integrante do CIMI). (mais…)

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