O Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – tradicional parceiro nas lutas dos quilombolas (Brejo dos Crioulos, Lapinha e Pau Preto), dos Vazanteiros, dos Xacriabás, dos Geraizeiros e nossas – está fazendo esta denúncia, ao mesmo tempo em que solicita que a repassemos, pedindo apoio e garantias para a comunidade, segurança para Dona Clemência, a descoberta do paradeiro de seu marido e, finalmente, um ponto final para as ações criminosas dos Meneghetti e seus jagunços. Leiam, por favor, a notícia abaixo e ajudem a divulgá-la. TP.
Num processo de ameaças e grilagem, terça-feira, dia 20 de dezembro, membros da Família Meneghetti, escoltados por quatro jagunços armados e portando maquinário pesado, invadiram a Fazenda São Miguel, no Alto Rio Pardo. Quando ficaram sabendo da invasão, cerca de 60 Geraizeiros se mobilizaram e foram até o local onde as máquinas estavam em plena atividade. Quando as lideranças se aproximaram do operador da patrol para pedir que interrompesse os trabalhos, pistoleiros que se encontravam em uma Parati preta começaram a atirar na direção dos trabalhadores, que, desesperados, buscaram refúgio na mata. Mas o Sr. Gerino Alves da Costa, um morador da comunidade São Miguel, que estava com o grupo no momento dos disparos, está desaparecido.
As lideranças registraram o fato na Delegacia da Polícia Civil de Salinas, e os policiais civis se comprometeram a realizar buscas, mas até o momento o Sr. Gerino não foi encontrado. A esposa, Dona Clemência Barbosa, e filhos, desesperados, procuram por ele. Os Geraizeiros, indignados, apelam às autoridades para por fim ao terror e à bandidagem promovidos pelos Meneghetti, que estão agindo impunemente na região do Alto Rio Pardo desde 2007.
Ontem, a casa do Sr. Gerino e de Dona Clemência foi invadida por policiais militares. Diz o depoimento feito hoje por ela perante a Autoridade Policial civil: “Na data de ontem (21), por volta das 15h, a polícia militar foi até sua residência procurar pelo senhor Gerino Alves, dizendo: ‘nós estamos cassando homem para matar’, fato também presenciado pela testemunha Renilsa Alves da Costa e Rosa dos Santos, residentes no povoado de Entroncamento. Na ocasião, os policiais adentraram e reviraram toda a casa, porém não encontrando o mencionado.”
Na mesma oportunidade, também foi registrado Boletim de Ocorrência pelo fato de também estarem sendo ameaçados, pelos Meneghetti e pela própria Polícia Militar, as lideranças Orlando dos Santos, João Pereira Nunes, Wilson Ferreira dos Santos e Gilvan Gonçalves de Almeida.
O histórico dos acontecimentos
No ano de 2007, a família Meneghetti, proprietária da empresa DESTILARIA MENEGHETTI LTDA, com sede na cidade de São João do Paraíso, representada pelo Sr. José Edineo Meneghetti, iniciou um processo de grilagem de vastas extensões de terras públicas nos Municípios de Fruta de Leite, Novorizonte e Rio Pardo de Minas, região Norte do Estado de Minas Gerais. Para colocar em prática o esquema fraudulento de grilagem, o Sr. José Edineo Meneghetti, comprou cerca de 100 glebas de terras com área máxima de 10 ha. Depois de formalizados os registros destas aquisições, requereu a retificação de todas as glebas junto ao Cartório de Registro de Imóveis de Salinas/MG. Assim, áreas de 03 hectares transformaram-se em 200 hectares; áreas de 05 foram transformadas em 400 ha; áreas 10 transformaram-se em 900 hectares e assim por diante. Segundo levantamento feito por lideranças geraizeiras, nesse esquema fraudulento, já foram realizados 95 registros e todos estes registros foram retificados, tendo sido grilados cerca de16.000 hectares de terras públicas.
Para realizar a retificação das áreas, a Família Meneghetti, com o apoio de alguns membros da Polícia de Meio ambiente e do prefeito municipal de Novorizonte, procurou os confinantes das respectivas áreas e os convenceram a assinar Terrmo de Anuência, ao argumento de que se tratava de um “abaixo assinado” para proibir o plantio de eucalipto naquela região. Por possuir baixíssimo grau de escolaridade e pelo fato de os Meneghetti virem acompanhados de “autoridade” policial, as famílias assinaram os documentos sem conhecer o conteúdo.
Depois de feitas as retificações fraudulentas em que se formalizou a grilagem de cerca de 16.000 hectares, os “Meneghetti” começaram a aterrorizar centenas de famílias Geraizeiras das comunidades de Cabeceira do Macaúbas, Lagoinha, Mumbuca, São Miguel, Martinópolis, Campo Verde, Cutica, Caixão, Cabeceira da Barra, Ribeirão, Jundiá e Vereda Funda.
Desde o início deste ano de 2011, os Meneghetti, de posse dos títulos fraudulentos, com maquinário pesado e escoltados por milícia armada, formada por ex-policiais militares, começaram a invadir as comunidades e aterrorizar seus moradores. Como em cenas de filme sobre a máfia italiana, os Meneghetti derrubaram casas, destruíram cercas, abriram carreadores, derrubaram matas, inclusive nas nascentes que abastecem as comunidades. Nem mesmo uma área de quase cinco mil hectares pertencente ao Governo Federal escapou à sanha crimiosa da “Famiglia”. Há cerca de 20 dias, os Meneguetti invadiram a comunidade de Vereda Funda, onde está sendo implantando, pelo INCRA, um projeto de Assentamento Agroextrativista, e destruíram quase três quilômetros de cerca de arame, causando à comunidade um prejuízo de cerca de dez mil reais. Por último, dia 20 de dezembro, a organização criminosa invadiu a Fazenda São Miguel.
Enviada por Carlos Dayrell.
Estou em cominhão com está luta pela justiça.Registro os meus sentimentos de indignaçao contra a profanação de nosso povo, e de seu territoirio Sagrado.Clamo Por justiça e me coloco a disposição.