Uma vitória para os ruralistas e ainda derrota para os ambientalistas, ainda que menor do que a sofrida na Câmara. É assim que pode ser traduzido o resultado da aprovação do Código Florestal, anteontem à noite, no Senado, de acordo com dois atores envolvidos no debate mais acalorado da agenda pública neste ano.
Para a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), o texto aprovado pelo Senado – e que volta para a Câmara dos Deputados – está longe de representar o que consideraria ideal. Mas a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirma se tratar do ponto de partida necessário para que ruralistas e ambientalistas cheguem a um ajuste fino de ideias e regras. Dona de 5 mil hectares de madeira plantados, com expectativa de chegar a 15 mil hectares, Kátia Abreu diz que o texto dá voz aos ruralistas, à medida que põe fim à ditadura ambiental que, segundo a senadora, foi fortalecida pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Apesar da aprovação por maioria absoluta no Senado, Kátia Abreu não acredita que o texto do Código passará ileso pela Câmara.
Professor de economia da Universidade de São Paulo, um dos precursores em estudos sobre desenvolvimento sustentável e autor de diversos livros sobre o assunto, José Eli da Veiga critica a aprovação de pelo menos três pontos cruciais do texto elaborado pelos senadores. Entre eles, destaca o perdão ao desmatamento ocorrido entre 1998 e 2008, que ele considera crime tão passível de punição quanto os cometidos pelo traficante Nem da Rocinha, preso pela polícia do Rio de Janeiro no último mês.
Enviada por Ricardo Verdum.