Violência contra o povo indígena de MS não tem precedente na história recente, diz Padre Ton

Depois de visitar na sexta (2) e sábado (3) as comunidades indígenas de Dourados, em Mato Grosso do Sul, o deputado federal Padre Ton (PT-RO) disse hoje (5) em plenário que a violência cometida contra o povo Guarani Kaiowá é algo sem precedente na história recente do Brasil.

“Diante da demora do Supremo Tribunal Federal em julgar o processo, por meio do qual os índios pedem a retomada de áreas ocupadas tradicionalmente por eles, os fazendeiros agem como se estivessem acima de qualquer estado de direito”, disse Padre Ton, alertando para a necessidade do Estado socorrer urgentemente os povos indígenas da região.

Coordenador da Comissão Externa criada para investigar a situação de violência permanente em que vivem os índios de Mato Grosso do Sul, e responsável pela direção dos trabalhos da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas, o deputado Padre Ton disse que os índios vivem com medo diante das ameaças recebidas constantemente. 

“O temor não é sem razão. Ultimamente os agressores têm cumprido as ameaças, assassinando lideranças, sequestrando crianças e praticando todo tipo de barbaridade”, registrou, lembrando o assassinato em novembro do cacique Nísio Gomes, de 59 anos, após ter sido sequestrado por pistoleiros. Em setembro, 40 pistoleiros atacaram uma comunidade Guarani Kaiowá.

Segundo deputado, que fez a diligência juntamente com os deputados Domingos Dutra (PT-MA) e Érika Kokay (PT-DF), a comitiva visitou acampamentos indígenas, e teve dificuldade de entrar em um deles, próximo ao rio Brilhante, conhecido como Laranja Nhanderu.

“Fomos impedidos de entrar, mas depois conseguimos e constatamos a realidade lastimável em que vivem os índios. Eles não têm acesso à educação, saúde e tampouco às condições básicas de sobrevivência, como água e alimentação digna”, disse o deputado.

Também foram visitados pelos parlamentares o Acampamento Kurusu Ambá, no município de Coronel Sapucaia, um acampamento às margens da estrada e o acampamento de Guaviry, onde os índios sofreram o último ataque.

Condenados à revelia

Uma outra grave violação dos direitos humanos, ocorre com a condenação à revelia de muitos índios Guarani Kaiowá. “Eles têm sua cultura muito forte, presente, e a grande maioria só se expressa na língua materna, não domina o nosso idioma. Por isso, não conseguem se expressar e entender as acusações. Diante das perguntas do delegado, se limitam a dizer sim ou não, concordando com a autoria de ilícitos que efetivamente não cometeram. E assim são condenados à revelia na Justiça”.

Audiências

Na tentativa de dar uma resposta aos “brasileiros que já não têm mais a quem apelar”, esta semana, segundo anunciou Padre Ton na tribuna, os integrantes da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias irão promover audiências em vários ministérios para buscar uma solução definitiva de socorro aos povos indígenas de Mato Grosso do Sul.

O deputado Padre Ton fez agradecimentos à equipe da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que prepara documentário sobre o povo Guarani Kaiowá; ao deputado estadual Laerte Tetila; à Polícia Federal e Rodoviária Federal; à Procuradoria Federal de Mato Grosso do Sul; à Funai; ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Mara Paraguassu
Assessoria de Imprensa
Deputado Padre Ton (PT-RO)
(61) 3215-3280 e 9974-9423

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=5999&action=read

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