Indígenas de Santa Isabel do Rio Negro vêm a Manaus denunciar a falta de atenção e o aumento de casos da doença, que já causou uma morte
Tayana Martins
Indígenas yanomami da região do rio Marauiá, em Santa Isabel do Rio Negro (a 683 quilômetros de Manaus), informaram que os casos de malária têm aumento em pelo menos dez aldeias da região, onde vivem cerca de 2 mil indígenas. Segundo eles, na aldeia Pukimera, uma menina de 12 morreu com os sintomas de malária, na última terça-feira. Em três aldeias, o número de casos suspeitos chega a 38, segundo os indígenas.
Os yanomamis reclamam também da falta de atendimento médico nas aldeias e de falhas na distribuição de medicamentos. De acordo com Carlito Yanomami, da aldeia Ixima, a última vez que os indígenas receberam uma visita de um médico foi em dezembro do ano passado.
“A saúde da mulher e da criança em todas as aldeias da região está abandonada. Nossas crianças estão com diarreia e estamos com muitos casos graves de malária”, afirmou.
Falta d‘água
Carlito relatou ainda que os yanomami de Santa Izabel estão sofrendo com a falta de água potável e com um surto de baratas.
“Nossa água é imprópria para consumo e é por isso que estamos sofrendo com diarreia. Temos muitas crianças que estão com doenças de pele por causa das baratas. Elas ficam por toda a aldeia, principalmente onde tem comida”, relatou.
Os indígenas das aldeias do rio Marauiá são atendidos pelo Distrito Sanitário Yanomami, em Boa Vista. No estado do Amazonas, a estimativa é de que pelo menos cinco mil yanomamis vivem nos municípios de Santa Isabel do Rio Negro, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira. Somente na região do rio Marauiá, ficam as aldeias de Ixima, Raita, Bicho-Açu, Pukima, Pukima Cachoeira, Komixiwë, Kona, Pohoroa, Balaio e Tabuleiro.
Assembleia
Um grupo de sete indígenas está em Manaus desde a última terça-feira para organizar uma assembleia da etnia no Estado. Na ocasião, serão discutidos todos os problemas enfrentados nas aldeias. Yanomamis de todo o Estado serão convidados.
A assembleia deve ser realizada no mês de agosto e está sendo organizada pelos indígenas de Santa Isabel, com o apoio da Organização Não-Governamental Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya). Todas as instituições ligadas a questão indígena devem ser convidadas para a discussão.
Manifestação
Desde o início desta semana, os indígenas fecharam o subdistrito sanitário de Santa Isabel. A medida, segundo eles, é uma forma de protesto contra a situação de “abandono” em que eles se encontram.
“Nesse período de transição da Funasa para Sesai estão ocorrendo muitas falhas. Não podemos ficar desse jeito. Nessa época do ano, os casos de malária costumam aumentar e se não tem nenhuma prevenção nas aldeias muitas pessoas podem ficar doentes”, afirmou Hipólito Yanomami, tio da menina que morreu com os sintomas da doença na aldeia Pukima.
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