Somente manutenção de Joana Claudete garantirá política efetiva de atendimento a saúde
Escrito por: William Pedreira, CUT-RR
Publicado por União – Campo, Cidade e Floresta
Após tomarem conhecimento da troca de comando no Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (DSEI-Y), determinada pela Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena, as etnias Yanomami e Ye’kuana vêm se manifestando contra a tentativa de manipulação para ocupação cargo, avaliada por eles, sem critério técnico, apenas político.
Para expor a sua insatisfação os indígenas fizeram uma grande manifestação na manhã desta sexta-feira (20) em frente à sede da Funasa em Boa Vista, Roraima.
Com o apoio da CUT Estadual e do Sindicato dos Trabalhadores em Área Indígena no Estado de Roraima (Sintrain), os povos indígenas e os trabalhadores da região reivindicam a manutenção de Joana Claudete das Mercês Schuertz, que ocupa a gerência atualmente e há anos trabalha com saúde indígena, além da qualificação como Antropóloga, Técnica em enfermagem e Técnica em Laboratório.
“É uma questão de lógica. Joana é a pessoa mais qualificada, com competência e compromisso junto aos indígenas”, detalha Marcos Freitas, presidente do Sintrain.
Joana assumiu o DSEI-Y após a Operação Metástase, desencadeada pela Polícia Federal, onde foram presos 30 funcionários acusados de fraudarem licitações. Ela ocupa o cargo de forma substitutiva.
“Há uma banalização da corrupção em nosso Estado. Infelizmente, grupos ligados ao presidente da Funasa, Marcelo Lima Lopes e do senador Romero Jucá, querem enfiar goela abaixo a indicação de Andréia Maia Oliveira contrapondo a nossa recomendação, o que representa uma ameaça a saúde indígena. Por isso que colocaram Joana como substitutiva, facilitando na manobra posterior”, lamenta Freitas.
Em carta endereçada ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha e ao secretário Especial de Saúde Indígena (SESAI), Antônio Alves de Sousa, os Yanomami e Ye’kuana exigem que qualquer modificação feita em cargos de chefia que tenham impacto no atendimento de saúde passe por uma consulta dos povos envolvidos e interessados.
“Nós queremos também fortalecer a política dos Povos Indígenas na relação com política de atendimento de saúde, pois as decisões sobre as formas de atendimento têm que passar pelo respaldo dos povos Yanomami e Ye’kuana. Desta forma, atendendo as especificidades do atendimento a que temos direito pela Constituição Federal de 1988”, declaram os indígenas na carta.
Os Yanomami estão se manifestando nos estados de Roraima e Amazonas onde está localizada a população de aproximadamente 19.000 indígenas que dependem da política de atendimento de saúde nas áreas de atribuição do atendimento.
“A Secretaria desta forma continua ameaçando a saúde pública dos Yanomami e Ye’kuana, seja pela negligência no atendimento ou pela não consulta sobre as modificações na política de atendimento a saúde indígena, conforme as especificidades da legislação brasileira e de acordos internacionais ratificados pelo Brasil, como Convenção 169 da OIT”, declara os indígenas na Carta.
http://www.cut.org.br/destaques/20705/indigenas-yanomami-e-ye-kuana-rechacam-ingerencia-politica-na-escolha-da-nova-direcao-do-distrito-sanitario-especial-de-saude