ES – Comunidade quilombola está sem água há duas semanas

Flavia Bernardes

Quarenta famílias que vivem na comunidade quilombola de São Jorge, em São Mateus, estão sofrendo com a falta de água há duas semanas. A informação é que a bomba que deveria abastecer a caixa d´água quebrou. Enquanto nada é feito, os alunos da Escola Unidocente Municipal São Jorge são obrigados a deixar a escola mais cedo.

Segundo Olinda Serafim Nascimento, membro da Comissão Quilombola do Sapê do Norte e moradora da comunidade, a bomba que abastece a caixa d´água da comunidade quebrou, deixando as casas de 40 famílias e a escola sem água.

“Apenas um carro pipa vem aqui uma vez por semana, e vale dizer que a água não é suficiente para todos. As crianças estão sendo dispensadas mais cedo por não haver água suficiente para beber, limpar a escola e para cozinhar. Já na comunidade há uma mãe com um bebê de 20 dias que tem de escolher entre usar água para cozinhar e se manter saudável para cuidar do bebê, ou fazer a higiene do seu filho”, desabafou Olindina Nascimento.

Nem os lagos e córregos da região podem ser utilizados pelos quilombolas. Eles lembram que são prejudicados pelos plantios de eucalipto e que, nos corpos hídricos que ainda não foram completamente assoreados, a água está contaminada por agrotóxico.

A prefeitura de São Mateus e o Ministério Público Federal (MPF-ES) foram notificados pela Comissão Quilombola do Sapê do Norte, mas a única resposta partiu da primeira, que reconheceu o problema mas não informou a data em que a bomba será trocada.

Segundo Olindina, os alunos da Escola Unidocente São Jorge já foram prejudicados pelo atraso do início do ano letivo, e que, agora, estão perdendo aulas devido à falta d´água.

Após duas semanas dividindo água do caminhão pipa, Olindina explicou que os moradores mais necessitados estão utilizando a água de uma cratera abandonada por um empreendimento na região.

“A água da chuva empossou ali, sabemos que ela não é própria, mas é a única alternativa que temos”, desabafa a quilombola.

Os quilombolas são donos de cerca de 50 mil hectares de terras no Espírito Santo, como comprovam pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A maior parte delas ocupadas pela ex-Aracruz Celulose, atual Fibria, durante a ditadura militar, e localizada no Sapê do Norte, território formado pelos municípios de São Mateus e Conceição da Barra.

Com a ocupação pela transnacional e a destruição das matas na região para o plantio de eucalipto, os quilombolas vivem atualmente ilhados e reclamam da terra e da água contaminadas pelo veneno utilizado pela ex-Aracruz Celulose.

Fonte: http://www.seculodiario.com.br

 

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