Mais dependentes de seus companheiros e distantes dos sistemas de proteção, mulheres do meio rural são alvo de crimes cujo grau de violência contrasta com a tranquilidade das cidades
Luiz Ribeiro e Alana Rizzoro
Pará de Minas – Elas vivem em cidades tranquilas, mas nem por isso estão mais longe do que as moradoras dos grandes centros urbanos de se tornar alvo de assassinos. Ao contrário, a própria condição de mulher do sertão as deixa indefesas: são mais dependentes de seus companheiros e vivem em locais distantes do sistema de proteção representado pelas delegacias especializadas e defensorias públicas, que se esforçam para fazer valer a Lei Maria da Penha, atesta a psicóloga Lenira Silveira, que durante 18 anos trabalhou na Casa Eliane de Gramont, em São Paulo, voltada para a assistência a vítimas de violência doméstica. Não é à toa que a pequena Tailândia, no interior do Pará, foi considerada em 2007 a cidade mais violenta para as mulheres.
“No meio rural, as mulheres estão mais vulneráveis porque a rede de proteção é mais precária. Muitas vezes, elas começam a sofrer pequenas manifestações de violência que, como as vítimas não têm a quem recorrer,, vão crescendo numa escalada que pode chegar ao homicídio”, comenta Lenira Silveira. Por causa do isolamento em que vivem, ressalta a psicóloga, boa parte dessas vítimas se torna “invisível” aos olhos das políticas de segurança pública. Segundo o estudo Violência Doméstica – vulnerabilidade na intervenção criminal e multidisciplinar, as vítimas levam, em média, oito anos para registrar a primeira ocorrência de violência doméstica. (mais…)
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