[EcoDebate] A Organização Mundial da Saúde afirma em seu Glossário de Promoção da Saúde (OMS, 2007) que 24% das doenças e 23% das mortes prematuras são causadas por fatores ambientais modificáveis. No Brasil este índice é de aproximadamente 18%. Estas doenças e mortes em grande parte estão associadas com a precariedade dos serviços de saneamento básico como conjunto de serviços, infra estrutura e instalações de abastecimento de água, esgoto sanitário, limpeza urbana, manejo dos resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais. A poluição atmosférica e as condições precárias de moradias também são fatores ambientais determinantes que afetam negativamente a saúde e a qualidade de vida individual ou comunitária.
A saúde ambiental está relacionada com as interações entre a saúde humana e as condições do meio ambiente natural e antrópico que determinam, influenciam, condicionam a qualidade de vida individual e coletiva. A educação como parte fundamental das atividades humanas é essencial como promotora de ações, atitudes e possibilidades que desenvolvam uma compreensão integradora dos espaços e comunidades escolares como ambientes saudáveis e promotores de conhecimentos objetivos sobre a saúde humana e suas relações com as condições ambientais. Entre os Temas Transversais estabelecidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, a saúde e o meio ambiente estão presentes como assuntos que devem ser trabalhados de modo inter/multi/transdisciplinares, possibilitando a “construção de novos saberes, técnicas e conhecimentos e sua incorporação com os conteúdos escolares […] para contribuir na construção de conceitos que levem à compreensão do meio ambiente” (DESINGRINI; SOMAVILLA; CICHELEIRO, 2010, p. 92).
Os desafios colocados às escolas, professores e métodos pedagógicos é proporcionar condições para que as comunidades escolares, principalmente os alunos, entendam os fatores e problemas que afetam suas vidas, construindo conhecimentos e experiências que desenvolvam capacidades para a promoção de uma vida saudável, não somente aos seres humanos, mas para toda a biodiversidade. “A construção de uma pedagogia de promoção da saúde ambiental necessita da construção de instrumentos e ações que não captem apenas o risco, a exposição e os agravos, mas também de protagonistas que ativamente preservem e reconstruam o espaço socioambiental” (DESINGRINI; SOMAVILLA; CICHELEIRO, 2010, p. 93).
A contextualização da aprendizagem de saúde ambiental pode contribuir para que os alunos e toda a comunidade escolar compreendam as relações entre as condições ambientais e a qualidade de vida, possibilitando uma ação cidadã, ativa e crítica dos indivíduos inseridos em um ecossistema em que os princípios são gerais a todos. O apoio dos órgãos gestores do ensino, como Ministério da Educação, secretarias estaduais e municipais e coordenadorias também é fundamental, assim como a capacitação inicial e continuada dos educadores e o engajamento das universidades públicas ou privadas, responsáveis pela formação dos recursos humanos (e humanistas) indispensáveis para uma educação de qualidade e uma saúde ambiental que seja produto da consciência coletiva e do aprendizado contínuo.
REFERÊNCIAS:
DESINGRINI, Daiane; SOMAVILLA, Greice; CICHELEIRO, Juciela. A saúde ambiental no cotidiano escolar. Os múltiplos olhares para o ensino de Biologia. Organizadores: Ana Maria dos Santos; Andréa Aline Mombach; Gabriela Cássia Consalter. Passo Fundo: Editora Berthier, 2010. p. 83-101.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Glossário de promoção da saúde. Genebra: OMS, 2007.
Antonio Silvio Hendges, articulista do EcoDebate, é Professor de Biologia e Agente Educacional no RS. Email: as.hendges{at}gmail.com
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