Polícia do Rio fuzila nas favelas

As entidades Justiça Global eTortura Nunca Mais e quatro órgãos de direitos humanos locais condenaram o que definem como execuções sumários e descreveram “um clima de terror por causa da ocupação policial”. A reportagem é de Gustavo Veiga, publicada no jornal Página/12, 15-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Desde que os tanques irromperam nas favelas do Rio de Janeiro, com o propósito de expulsar o narcotráfico, surgem duas comprovações de ferro: estende-se a certeza de que houve graves violações aos direitos humanos no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, e as Unidades de Polícia Pacificadora – UPP vão consolidando aos poucos a sua presença nos morros que rodeiam a cidade.

As entidades Justiça Global e Tortura Nunca Mais e quatro órgãos de direitos humanos locais condenaram o que definem como execuções sumários e descreveram “um clima de terror por causa da ocupação policial”. Em junho de 2007, ocorreram 19 mortes em uma operação no mesmo cenário, segundo reconheceu a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, que admitiu vários fuzilamentos. (mais…)

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Um índio morre a cada 12 dias em reserva no AM

Segunda maior terra indígena do país, a Vale do Javari, no Amazonas, teve nos últimos 11 anos uma morte de índio a cada 12 dias, segundo levantamento da ONG Centro de Trabalho Indigenista. A reportagem é de Felipe Bächtold e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 16-01-2011.

O total de mortes no período soma 325, o equivalente a 8% da população da terra indígena, afirma a entidade.

Com área equivalente ao dobro do Estado do Rio de Janeiro, a Vale do Javari, na fronteira com o Peru, reúne uma das maiores concentrações de índios isolados do mundo. A população é estimada em 4.000.

Um dos povos que habitam a terra, o canamari, perdeu 16% de seus habitantes, diz a ONG. A maior parte dos mortos (64%) tem até 10 anos – são sobretudo bebês.

As principais causas são hepatite, pneumonia e doenças trazidas pelo contato com populações de fora da terra indígena. Também há relatos de alto índice de suicídios. (mais…)

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Muito natural

“O descaso com a ocupação de áreas de risco pode ser explicado pelo baixo lucro eleitoral de medida preventiva”, escreve Jânio de Freitas, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 16-01-2011.

“Se a explicação é atual – analisa o jornalista –  o descaso é mais que secular. Aceito como parte da vida brasileira, sem reação alguma, jamais. Não houve catástrofe que mudasse a aceitação, sempre fortalecida pelos sentimentos de classe”. Mas, “está claro que não se estranhou, por exemplo, a reivindicação brasileira de fazer a Copa e a Olimpíada, ao custo de dezenas ainda incalculáveis de bilhões”. Eis o artigo.

Às vezes, acontece. A natureza desaba fora do lugar e estende os seus desastres a vales e colinas onde as condições prometiam tudo o que atrai as boas construções desejadas pelo poder aquisitivo. Quando acontece assim, a natureza contraria também o consenso que modelou, com o barro de cinco séculos, o nosso jeito brasileiro. (mais…)

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CE – Cid não se diz convencido sobre projeto que enviou à Assembleia Legislativa e é desmentido pela Superintendente da Semace

As críticas recebidas de todos os lados levaram o Governador Cid Gomes a afirmar que ele próprio não considera “o melhor caminho” o projeto que enviou à Assembleia Legislativa. Entrevistado pelo jornal O Povo, o Governador atribuiu a um procurador e à Superintendência Estadual do Meio Ambiente a responsabilidade pelo que está sendo chamado de AI-5 Ambiental do Ceará. Mas foi prontamente desmentido, nos comentários à notícia, pela Superintendente da Semace, Lúcia Teixeira. Abaixo, a notícia publicada ontem em O Povo, seguida da resposta da Superintendente. TP.

O PovoA medida proposta pelo próprio Governo que prevê dispensa de licença ambiental para algumas obras, é questionada pelo governador Cid Gomes

A mensagem encaminhada pelo Executivo à Assembleia Legislativa, que prevê dispensa de licenciamento ambiental para alguns tipos de obras é alvo de questionamento do próprio governador Cid Gomes (PSB). Apesar de constar sua assinatura embaixo, dando o aval do Governo, ele reconhece: “Pra mim não é o melhor caminho, não. Sinceramente”.

Cid fez questão de ressaltar que a medida “não tem objetivo de resolver problemas do Governo”. Ele explicou que, após receber apelos de muitas prefeituras, orientou o procurador Fernando Oliveira a conversar com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), no sentido de simplificar a emissão de licenças ambientais para municípios em convênios com o Governo Federal destinado a obras que “não vão criar nenhum problema ambiental”.

“Foi o entendimento entre o procurador e a Semace que optou por essa coisa de dispensar a licença. Eu assinei, mas não estou convencido”, declarou o governador. (mais…)

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O preço de não escutar a natureza, artigo de Leonardo Boff

Por Leonardo Boff

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre  imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam  frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar  a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos. (mais…)

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