Onde andam os Movimentos de Mulheres?

Foto:Gê
No dia 15 de setembro de 2009 publicamos aqui no Adital um artigo (O Movimento de Mulheres da Paraíba se mobiliza contra a violência) partilhando nossa indignação motivada pelos assassinatos de 26 mulheres no Estado da Paraíba. Hoje, estamos aqui outra vez para comunicar a nossa indignação frente ao crescente número de assassinatos de mulheres: só no primeiro semestre de 2010, na Paraíba, ocorreram 27 mortes por violência doméstica.

Os assassinatos ocorrem sempre com a mesma crueldade, não basta matar é preciso esquartejar, ocultar o cadáver, jogá-lo dentro de um poço, etc. E os assassinos? São os mesmos: maridos, namorados e parceiros na maioria absoluta dos casos, alguém com quem a mulher mantém ou manteve algum vínculo afetivo. Isso significa que, mesmo que as mulheres ponham um fim no relacionamento, não estarão livres da violência. E a impunidade continua.

Quantos desses assassinos estão presos no momento? O assassinato é a expressão máxima da violência doméstica cometida contra as mulheres. A cada mês, porém, cerca de 20 mulheres, vítimas de agressões físicas e verbais, são atendidas na Delegacia especializada da Mulher em João Pessoa. Esse número de atendimentos não reflete a real situação do Estado, pois muitas mulheres, por medo, permanecem em silêncio porque possuem vínculos afetivos e/ou dependem economicamente de seus agressores. Para aquelas que moram no interior do Estado, os obstáculos são ainda maiores.

Desde o ano passado, os diferentes Movimentos de Mulheres, em parceria com organismos de políticas para mulheres e serviços de atendimento a vítimas de violência, criaram uma Frente pelo Fim da Violência contra as Mulheres na Paraíba. Essa Frente vem realizando mobilizações permanentes a cada mês para sensibilizar a população, denunciar os assassinatos, expressar a indignação e exigir das autoridades a efetivação da Lei Maria da Penha, principalmente com a criação de Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar, conforme previsto no Art. 14 da referida Lei. Os parentes das vítimas são convidados a participar das mobilizações, durante as quais a população feminina é incentivada a denunciar os agressores através do Disque 180 e do Centro de Referência da Mulher de João Pessoa – 0800-283-3883.

É preciso ampliar a compreensão de que a violência doméstica não é um problema de cada mulher, mas é um problema social que precisa ser enfrentado pelos poderes públicos com políticas eficazes.

Outra ação desta frente é garantir uma presença ostensiva quando acontece uma sessão de julgamento, com a intenção de pressionar os juízes a fim de que não sejam complacentes e omissos.

Por ocasião da última mobilização que aconteceu no dia 15 de julho, 27 mulheres vestiram mortalhas de cor lilás com a inscrição dos nomes das vítimas e a data em que foram assassinadas e segurando, cada uma, uma cruz, seguiram em fila indiana do centro de João Pessoa até o Tribunal de Justiça (TJ). Esse grupo foi acompanhado por um número significativo de pessoas solidárias e de mulheres dos movimentos, que iam entregando panfletos e conversando com as pessoas sobre a tragédia da violência contra as mulheres.

A Frente pelo Fim da Violência contra as Mulheres na Paraíba vai continuar a marcar presença cada mês em algum ponto da cidade, gritando “não” à violência e “sim” a uma vida sem violência! e denunciando a omissão das autoridades locais, o machismo, o sexismo e o racismo que naturalizam a violência perversa e criminosa.

[A Frente pelo Fim da Violência contra as Mulheres na Paraíba é composta por: Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB); Rede de Mulheres em Articulação na Paraíba; Marcha Mundial de Mulheres; Fórum de Mulheres da Paraíba; CEAV; Coletivo Wen-do/ João Pessoa; Secretaria de Políticas para Mulheres/João Pessoa (SPPM); Secretaria Estadual de Políticas para Mulheres/PB; Centro de Referência da Mulher/JP].

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=49596

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