Especialistas de Índia, Brasil e África do Sul, que formam o IBAS, sugerem mais pesquisas sobre enfermidades de países tropicais
da PrimaPagina
Um grupo de especialistas e gestores públicos dos três países que formam o IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) recomenda que os governos dessas nações estimulem pesquisas conjuntas sobre doenças negligenciadas — enfermidades como doença de Chagas e leishmaniose, que, em geral, não se transformam em epidemias e afetam pessoas pobres. Um documento com essa e outras sugestões, elaborado pelo Fórum Acadêmico Índia, Brasil e África do Sul, foi entregue à Cúpula do IBAS, realizada na quinta-feira.
O evento, organizado pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo, órgão do PNUD em parceria com o governo brasileiro, reuniu cerca de 100 representantes dos três países, que assistiram a 28 palestras de acadêmicos, pesquisadores e técnicos de instituições públicas.
O documento final aponta que foi fechado um acordo para que Índia, Brasil e África do Sul aprofundem pesquisas conjuntas sobre seis temas. Um deles prevê acesso a remédios essenciais, inovações em saúde e propriedade intelectual. Nessa área, os especialistas recomendam que haja “colaboração em pesquisa e desenvolvimento, especialmente em doenças prioritárias e negligenciadas”.
Essas enfermidades — que afetam uma em cada seis pessoas no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) — se concentram, em geral, entre pessoas pobres, de áreas isoladas ou que vivem no campo ou em favelas nos países tropicais. Na avaliação da OMS, é pequeno o incentivo para o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico, remédios e vacinas para pessoas que não podem pagar por isso.
Além disso, os especialistas recomendam que haja cooperação entre os escritórios que cuidam de propriedade intelectual no IBAS para “deter a concessão de patentes sem importância e priorizar o acesso a medicamentos essenciais”. Brasil e Índia, em particular, têm se destacado pela produção de drogas contra a Aids após quebrarem a patente dos grandes laboratórios. Os pesquisadores sugerem também a revisão de acordos de comércio bilateral que possam prejudicar o acesso a remédios importantes e a troca de informações sobre análise de custos nessa área.
Combate ao desemprego
Em outro tema sobre o qual o fórum concordou em aprofundar pesquisas (estratégias de desenvolvimento social para o crescimento inclusivo), os acadêmicos propõem o incentivo a pesquisas para aprimorar o combate ao desemprego, em especial o juvenil.
As outras quatro áreas que também devem ser pesquisadas com mais intensidade são o potencial do IBAS como um arranjo multilateral; desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas; políticas macroeconômicas para crescimento com inclusão; e segurança alimentar e ocupação nas áreas rurais.
“A mensagem principal do fórum é a de que há capacidade, vontade e habilidade para implantar pesquisas conjuntas sobre uma série de temas”, afirma o documento final.
Fonte: PNUD – http://www.pnud.org.br/administracao/reportagens/index.php?id01=3452&lay=apu