O presidente de Chile, Sebastián Piñera, responsabilizou indígenas mapuches pelo incêndio florestal em Araucanía, a 700 Km ao sul da capital, que matou sete brigadistas na quinta-feira, 12. Disse que se tratava de ação terrorista. A informação é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 16-01-2012.
A direção do Colégio de Antropólogos do Chile lamentou a campanha contra os mapuches e congressistas da oposição prometem levar o caso para a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Um terço do povo mapuche vive na região de Araucanía. Bastaria ouvir bombeiros, prefeitos da região e a Confederação dos Trabalhadores Florestais para constatar que empresários florestais e servidores públicos mentem sobre as origens do incêndio, alegam os antropólogos.
A origem do incêndio, dizem os antropólogos, deve-se à preparação do solo para a elaboração de carvão. Por causa das altas temperaturas e o vento, o fogo espalhou-se pela área.
O Colégio de Antropólogos lamentou que o governo de Piñera dê continuidade à proteção do empresariado que aspira às terras mapuches. Já a comunidade indígena é vista como uma crescente ameaça ao crescimento produtivo industrial e um atentado à unidade nacional, na medida em que lutam pela defesa de suas terras, autonomia política e autodeterminação.
Em carta dirigida à Piñera, o Colégio de Antropólogos lembra que o Estado deve respeitar os direitos e as garantias estabelecidos na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, assinada pelo Chile.
Congressistas da oposição anunciaram que vão pedir à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que avalie a lei antiterrorista, invocada pelo governo chileno para sancionar o incêndio e acusar os mapuches.
O presidente do Senado, Guido Girardi, do Partido pela Democracia, criticou o governo por violar o direito e presunção de inocência.
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