Segundo Fundação João Pinheiro, fator renda dificulta acesso a educação
Tâmara Teixeira
As crianças e jovens mineiros que residem apenas com as mães são as que estão mais expostas ao risco social. A conclusão é de uma pesquisa divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro. Os dados mostram que esse tipo de domicílio vem crescendo no Estado e, atualmente, corresponde a 10,1% do total. Há onze anos, não chegava a 5%. As residências compostas por casais e filhos são maioria (67,4%). Em 2000, esse número era 80%.
A primeira Pesquisa de Amostra de Domicílios de Minas Gerais (PAD/MG) visitou 17.073 casas no Estado em 2009 e descobriu que, em 50,6%, delas vive pelo menos uma criança ou adolescente. O estudo se concentrou nesse perfil familiar e constatou que 77,8% das famílias comandadas apenas por mulheres têm renda per capita menor que um salário mínimo.
Nos lares em que o casal é o responsável pela casa, o índice cai para 73,1%. O diretor do Centro de Estatística e Informações, Frederico Poley, explica que a pesquisa traz um retrato de como vivem hoje as crianças e jovens mineiros por tipo de domicílio e por região do Estado.
“A família é a primeira forma de socialização de uma criança. O risco social é maior nesses lares chefiados por mulheres porque elas ficam sobrecarregadas financeiramente e pela própria educação dos filhos. O levantamento evidencia a necessidade de se pensar políticas públicas que de fato cheguem a esse público. A situação de risco de hoje representa a falta de oportunidade de amanhã para muitas crianças e jovens”, disse.
A emprega doméstica Regiane da Silva Miranda, 24, mora sozinha com o filho de 4 anos e sustenta a casa com um salário mínimo. “Se ganhasse mais, investiria na educação do meu filho. Se tivesse a ajuda de outra pessoa na casa, dividiríamos as contas e a situação de todos seria melhor”, disse.
Escolaridade. A pesquisa ainda mostra que, apesar de o número elevado de crianças e adolescentes matriculados na escola (98,1%), a educação exige atenção especial das políticas públicas. Entre a população de 6 e 15 anos, 18,3% está atrasada em pelo menos dois anos da série correspondente a sua idade.
“Chama a atenção a situação da região metropolitana de Belo Horizonte, onde o índice de distorção é de 21,6%, acima da registrada pelo Estado (18,3%)”, disse a coordenadora da Política Pró-Criança e Adolescente do governo, Eliane Quaresma.
Escolaridade aumentou, diz pesquisador
A pesquisa mostra que 38,5% dos responsáveis pelos domicílios declararam ter ensino fundamental incompleto e 27% ensino fundamental completo. Os dados, segundo o pesquisador da Fundação João Pinheiro Igor Mendes, representam um avanço.
“Essa é a primeira edição da pesquisa, mas posso afirmar que há uma evolução em relação à realidade de dez anos atrás”, disse. Para ele, o percentual de responsáveis que nunca estudaram (12%) é preocupante. (TT)
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