Uma mãe pediu de joelhos para que os paramiliates não matassem seus três filhos. Todos dormiam quando sua propriedade foi invadida. Acabou estuprada por dez homens e contraiu um sífilis que se desenvolveu em um câncer pélvico.
A Unidade de Justiça e Paz, unidade da Procuradoria-Geral da Colômbia, divulgou neste fim de semana a ocorrência de uma lista de casos graves de violência e escravidão sexual entre os anos de 1999 e 2000, no qual responsabiliza líderes de milícias paramilitares. Os incidentes documentados chegam a 25, durante uma grande ofensiva desses grupos em El Catatumbo, no departamento de Norte de Santander, nordeste do país.
Segundo a procuradoria, o número de vítimas pode ultrapassar centenas, já que muitas mulheres temem testemunhar, em razão de terem sofrido ameaças. As informações são do jornal El Tiempo.
Três líderes paramilitares foram acusados por responsabilidade indireta pelos crimes: o ex-líder do Fronte de El Catatumbo Salvatore Mancuso, Jorge Ivan Laverde, o “Iguano”, e José Bernardo Lozada, o “Mauro”. A pena máxima para cada um é de oito anos. Segundo a promotoria, embora não tenham cometido diretamente os crimes, os atos de violência sexual não eram casos isolados, mas parte de uma estratégia calculada pelo comando miliciano.
Enquanto aguarda mais denúncias, outras quatro pessoas foram procuradas por terem participado ativamente dos abusos – muitos dos demais acusados já morreram em confrontos armados. É comum que muitos milicianos abandonem seus grupos para entrarem no comando de organizações de narcotráfico.
Em cinco anos de existência, a Unidade de Justiça e Paz já registrou 721 casos documentados de violência sexual em todo o país. Os pontos de maior ocorrência seriam em El Catatumbo e nas regiões próximas de San Onofre e El Salado.
Casos
Doze anos depois dos episódios de violência, muitas mulheres ainda sofrem sérias sequelas físicas em razão das violações. Alguns dos casos relatados pela promotoria chocam pela brutalidade e o número de vítimas envolvidas.
Os paramilitares chegaram a seqüestrar um ônibus público, do qual selecionaram sete mulheres. A justificativa do comandante da operação era que “elas colaborariam para o grupo com sexo”. Os homens foram assassinados e tiveram seus corpos mutilados. As mulheres foram espancadas e estupradas. Uma das vítimas engravidou e, por causa da violência das agressões sofridas durante o estupro, seu filho nasceu com sérios problemas neurológicos.
Em novembro de 2000, os paramilitares invadiram uma propriedade rural de um homem suspeito de colaborar com os rivais das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Ele, sua esposa grávida de quatro meses e sua filha de onze anos acabaram amarrados em uma árvore, onde foram espancados com tábuas de madeira. Depois, os milicianos atiraram água com sal nas feridas dos membros da família.
Quando a mãe pediu para que não a agredissem porque estava grávida, eles retiraram sua filha das cordas e a estupraram. Com medo de sofrer represálias, só vieram a denunciar o crime dez anos depois.
Outro caso foi de uma mãe que pediu de joelhos que os paramilitares não matassem seus três filhos. Todos dormiam quando sua propriedade foi invadida. Acabou estuprada por dez homens e contraiu um sífilis que se desenvolveu em um câncer pélvico.
http://pragmatismopolitico.blogspot.com/2011/08/paramilitares-estupram-torturam-e-fazem.html