Érico Firmo – A ida do governador Cid Gomes, in loco, para conversar com os moradores sobre a desapropriação de suas casas para a construção do VLT dá bem a noção do quão complicado está o andamento das obras.
O Veículo Leve sobre Trilhos é a mais importante iniciativa na área de mobilidade para a Copa de 2014 em Fortaleza. As desapropriações já fizeram a Prefeitura desistir de alargar as avenidas Raul Barbosa, Dedé Brasil e Paulino Rocha, obras também relacionadas à Copa.
O Ministério Público Federal entrou com ação contra qualquer desapropriação, enquanto não for concluído o licenciamento ambiental da obra. Há movimentos organizados contras as remoções. O tempo joga contra o governo. A presidente Dilma Rousseff (PT) já comunicou que as obras que não começarem ainda este ano serão excluídas do PAC da Copa. Serão remanejadas para o PAC da Mobilidade Urbana, o que deverá dificultar a liberação de verbas. A intenção do Estado é dar a ordem de serviço até novembro. Mas o engajamento pessoal do governador dá a noção do tamanho da dificuldade por superar.
O VLT não sai sem que haja desapropriações. A obra é importante para o transporte em Fortaleza. Mas a negociação não pode se dar de forma açodada. As famílias não podem ser simplesmente expulsas. Aquelas que tiverem de sair precisam ir para lugares o mais próximo possível de onde residem – locais esses que ficarão consideravelmente mais valorizados. E a indenização deve ser justa, compatível com as cifras bilionárias que serão destinadas aos megaeventos.
Não se pode aceitar que famílias pobres sejam simplesmente retiradas do caminho para abrir espaço para outros lucrarem muito. É preciso diálogo paciente, sereno e justo. Ninguém pode ser colocado para fora de sua casa se não considerar que as condições oferecidas são suficientes.
Enviada por Daniel Fonsêca.